
O zero a zero é, provavelmente, o placar mais chocho e sem graça do futebol. Geralmente, indica uma partida modorrenta, cansativa, na qual os clubes pouco fizeram e que tão pouco apresentaram que nenhum deles fez por merecer a abertura de placar. Um confronto chato, sem qualidade, sem animação e brilhantismo - em suma, um porre de vinho de garrafão na antevéspera de ano novo, coisa desagradável mesmo. Bem, talvez no futebol seja assim mesmo - mas no fotbal, que é sempre o foco de nosso olhar por aqui, a história não raro é totalmente diferente. O meci entre Romênia e França, abertura do Grupo C da Euro 2008, ficou no 0 a 0 - para alguns um resultado pouco emocionante, talvez, mas um placar que trouxe grandes emoções e considerável satisfação para os fanáticos suporteri do fotbal mais sensacional do planeta Terra. Apesar dos defeitos, foi um placar mais positivo do que negativo para a Romênia, em um embate que nos dedicaremos a analisar aqui a partir de agora.
Como costuma ocorrer quando lidamos com desconhecedores do fotbal al romaniei, os tricolorii entraram no gramado do Letzigrund Stadiom de Zurich com o status de zebras do grupo. Não importa se, nas eliminatórias da mesma Euro no ano passado, os romenos superaram os holandeses nos confrontos diretos e na classificação final; muito menos se Itália e França vivem momentos de questionamento de seus jogadores e/ou de comissão técnica. Para o mundo alienado, a Romênia é o azarão, o time a ser vencido, aquele para o qual não se pode perder pontos e por aí vai. Mal sabem, os tolos, que é o desafio que move os jucatori da echipa romena, e que os romenos têm uma longa história de cumplicidade com o desafio e com as conquistas tidas como impossíveis. E com emoção cantaram os romenos o "Deşteaptă-te, Române!", hino nacional composto por Andrei Muresanu e Anton Pann - em especial o belíssimo segundo verso, que tão bem resume o espírito de constante enfrentamento que move a alma romena:
Acum ori niciodată să dăm dovezi în lume
Că-n aste mâni mai curge un sânge de roman,
Şi că-n a noastre piepturi păstrăm cu fală-un nume
Triumfător în lupte, un nume de Traian!
Că-n aste mâni mai curge un sânge de roman,
Şi că-n a noastre piepturi păstrăm cu fală-un nume
Triumfător în lupte, un nume de Traian!

O problema foi o segundo lado da tarefa. Mutu, sem dúvida nossa atual fortaleza ofensiva, viu-se mal acompanhado por Daniel Niculae, e essa dupla poucas vezes conseguiu criar verdadeiras dificuldades para a defesa gaulesa. Sem ter quem se aproximasse, o atacant destaque do último campeonato italiano via-se isolado quase sempre, e apenas quando Banel Nicolita (um dos melhores jucatori em campo) conseguia um deslocamento mais efetivo é que a Romênia criava algum perigo à meta de Coupet. A jornada de Mutu foi de fato apagada, tanto que o jucator acabou sendo substituído na segunda etapa. De qualquer modo, para uma echipa que se propõe à contenção defensiva, a saída rápida no contra-ataque torna-se a melhor (não raro a única) opção ofensiva - e infelizmente a echipa nationala era lenta nesse quesito, sem muita criatividade e muitas vezes insistindo em passes curtos e improdutivos que só diminuiam mais o já pouco vibrante ritmo ofensivo dos tricolorii. Para muitos - eu incluído - a entrada do elétrico Marica seria muito mais adequada ao jogo promovido pela Romênia, dando muito mais rapidez aos contragolpes e multiplicando as possibilidades de conclusão. No entanto, o homem ficou no banco e de lá não foi chamado, pois Victor Piturca fez duvidosas opções por Marius Niculae, Codrea e Dica, o que pode ter garantido o interessante empate mas impediu a Romênia de talvez ambicionar algo maior.

ROMÊNIA 0X0 FRANÇA
Letzigrund Stadiom, Zurich, Suíça - Joi 09 2008
Arbitru: Manuel Mejuto González (Espanha)
ROMÊNIA (0): Lobont; Contra, Tamas, Goian e Raţ; Cociş (Codrea), Radoi (Dica), Chivu e Nicolita; Mutu (Marius Niculae) e Daniel Niculae. Antrenor: Victor Piturca.
FRANÇA (0): Coupet; Sagnol, Thuram, Gallas e Amidal; Tulalan, Makelele, Ribéry e Malouda; Anelka (Gomis) e Benzema (Nasri). Antrenor: Raymond Domenech.
Fotos: Reuters e siteul oficial da Euro 2008.
4 comentarii:
Natusch, obrigado pela recepção. Ficarei feliz em contribuir. E seguirei leitor assíduo.
Meci memorável hoje, noastra echipa nationala não tão temerosa quanto do embate contra a França. Mutu, uma pena.
Farei um texto com calma para este qualificado espaço. Um abraço.
A Romênia talvez seja o time teoricamente menos qualificado, mas de forma alguma pode ser considerada um azarão. Basta lembrar que chegou à frente desta Holanda que vem encantando a todos e ainda conseguiu empates jogando equilibradamente com os dois melhores times da Copa de 2006.
Não deu, mas os Tricolorii foram aguerridos do imn national ao apito final. Ficou evidente a carência de poder ofensivo. Os Niculae tentaram, mas jogaram imersos na marcação competente da Holanda. Nicolita em péssima jornada comprometeu as poucas subidas romenas. Enfim, Piturca destacou o mérito de haver freado os campeões e vice. Concordo. Mas se Romania pensa em figurar no principal cenário do futebol mundial, precisa urgentemente distribuir o talento que tem do meio para trás para além do grande círculo. Detalhe: a zaga gremista é a mehlor do Brasileiro, mas eu imploro a contatação do fundas Gabriel Tamaş. Excelente zagueiro. Abraço.
Nicolita em péssima jornada comprometeu as poucas subidas romenas.
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