Fotbal romaniei: vão caluniar a mãe!

Após considerável ausência causada pelo falecimento repentino de meu Windows XP (flores podem ser enviadas para meu email pessoal, obrigado), estamos de volta e dando início a nossa programação de férias. Para início de conversa, citemos um problema complicado, mas que infelizmente é realidade no futebol mundial e chega perigosamente na Romênia: a venda indiscriminada dos jovens talentos do futebol local. Uma situação triste, que no entanto é utilizada de modo ainda mais triste por veículos da imprensa que buscam apenas caluniar a Romênia e a pujança de seu fotbal.

Os dirigentes do Minerul Lupeni, clube que atualmente está na terceira posição na Seria 2 da Divizia B do Romenão, estão acertando os detalhes da negociação de seu 'portar' Cristian Belgradean (foto)para o Jiul Petrosani, clube que como sabemos anda passando por maus bocados na Liga I. O 'portar' em questão tem 19 anos, é tido como uma das grandes revelações do país e inclusive já foi convocado para a seleção de juniores do país em mais de uma oportunidade. Até aí, nada de mais, não fosse a pressão de parte dos dirigentes do Minerul, ligados à prefeitura do município de Lupeni, que viram no negócio a chance de melhorarem a infra-estrutura da cidade. Pressionado por um dos dirigentes mais influentes do clube (que, não por acaso, vem a ser Cornel Rasmerita, prefeito de Lupeni), o Minerul ofereceu ao Jiul Petrosani a troca de seu guarda-redes por um gasoduto para a cidade sede do clube - obra que seria financiada por Alin Simota, dono do Jiul e um dos homens de negócio mais bem-sucedidos do país (apesar do péssimo momento do clube, mas enfim). Aparentemente, o clube de Petrosani ainda não respondeu a essa, digamos, inusitada proposta. Uma nota em língua portuguesa, como de hábito cheia de imprecisões e exageros sensacionalistas, pode ser encontrada no link:

http://esportes.terra.com.br/futebol/europeu2006/interna/0,,OI1313391-EI7486,00.html

A parte final do artigo é especialmente preconceituosa, associando o futebol romeno a uma série de negociações esdrúxulas e tentando passar a (falsa) impressão de que nos lados da Walachia e da Transilvânia não se dá qualquer valor à vida e à dignidade de um guerreiro do futebol. Falácia pura! Em poucas nações do globo um guerreiro do futebol é tão saudado por seus 'suporteri' quanto na Romênia: de fato, o espírito belicoso é generalizado, e muitas vezes verdadeiras batalhas campais ocorrem devido a pequenos insultos e insinuações sobre a honra de certos 'jucatori'. Fotbal é assunto muitíssimo sério na Romênia, e é absurdo que queiram associar essa atividade tão importante no espírito romeno com frivolidades e patuscadas - ainda mais porque até parece que só por lá ocorrem essas barbaridades. Ou alguém esquece de Aírton, zagueiro de história gloriosa, adquirido pelo Grêmio junto ao Força e Luz por um pavilhão (daí o apelido Aírton Pavilhão), ou de vários outros atletas trocados por pares de chuteiras, uniformes ou mesmo pela quitação de contas de água e luz - tudo isso aqui mesmo, no tão cantado e decantado "País do Futebol"? Façam-me o favor.

Sem contar que originalidade não é o forte do site brasileiro que publicou essa notícia. Vejam como termina a nota publicada nesse sítio português:

http://www.sportugal.pt/noticia.php?noticiaID=13910

Lá, pelo menos, eles têm a justificativa da hostilidade declarada criada entre os países depois das falhas lamentáveis do também 'portar' Carlos Fernandes em jogos decisivos do Steaua Bucuresti: apelam à calúnia, na tentativa de salvarem o seu lado. Mas e os brazilianul? Será inveja? Despeito? Ou ignorância e preguiça, mesmo?

De qualquer maneira, que estejam avisados. O Bola Romena está alerta, e não engolirá tentativas de calúnia e deboche vindas de quem quer que seja. Que desprezem o fotbal romaniei, recusando-se a transmitir seus jogos e mesmo os 'goluri' dos 'campeonatul', vá lá; agora, na honra romena ninguém mexe. MESMO.