luni, octombrie 30, 2006

Liga 2: Só os mais fortes sobrevivem

A primeira fase da Cupa României abriu os olhos dos leitores para todo um universo de grandes clubes que não tem vez na grande mídia tupinambá. Depois de diversos mails pedindo maiores informações sobre a Liga 2, resolvemos abordar esse emocionante campeonato. Ela é disputada em dois módulos, as séries A e B, com 18 times cada. Os dois melhores de cada módulo são promovidos para a Liga 1; os quatro piores de cada são lançados ao inferno sem lei, juiz, apito ou cartonasi da Liga 3, abrindo espaço para os 8 clubes sobreviventes da terceirona.

Nos campos enlameados e carecas da Liga 2, a cada fim-de-semana são 18 jogos disputados. Vamos nos ater aos mais importantes.


SERIE A
O Forex Braşov, que permitiu a reabilitação do Steaua, perdeu mais uma, derrota simples, desta vez para o CS Otopeni, gol de joelho do mijlocas Petrea (foto acima). Mesmo assim, o Forex segue líder da Série A da Liga 2, com 25 puncti; entretanto, perdeu a folga de que gozava: em segundo lugar, empatados com 24 puncti, estão o Delta Tulcea e o algoz Otopeni.

O Petrolul Ploieşti, que conta com a simpatia de todos aqui na redação, decepcionou. Jogando contra o FC Snagov, penúltimo colocado, ficou no maior zero-a no primeiro tempo, e na volta dos vestiários deixou que o atacant Rădulescu marcasse, em menos de 3 minutos. No prejuízo, conseguiram o empate aos 28, com Sagna. Entretanto, aos 35, Florea fez o seu, sacramentando o resultado: 2 a 1. O calvário da raposa amarela persiste, são 22 puncti, 6ª pozitia. Cá no ocidente, creditamos a derrota para o fraco Snagov (17º, 8 p.) ao fato do uniforme não seguir o corte tradicional (foto ao lado).



SERIE B
A Universitatea Cluj, arqui-rival do CFR Cluj da Liga 1, lidera com tranqüilidade. Depois de meter 2 a 0 no inflado Gaz Metan (2 belos golos de Sabo, aos 9 do primeiro tempo e o outro já nos acréscimos), tem 29 puncti. Em seguida, temos o Dacia Mioveni e o FC Caracal, ambos com 25 puncti, mas o primeiro com melhor saldo, mesmo depois de perder por 2 a 1 na sexta-feira para o CSM Rm Vâlcea (10º, 17 p.). O Caracal, por sua vez, depois de fazer o crime na Cupa României em cima do Gloria Bistrita, meteu um golzinho aos 42 do segundo tempo sobre o FC Târgovişte (8º, 18p.) e, comendo pelas beiradas, vai se aproximando no topo da tabela.

O time B da Politehnica Timişoara, a Poli II (6º, 19 p.), depois de perder feio para o time principal no meio da semana, esse sábado entregou a rapadura para o arqui-rival local, o CFR Timişoara (12º, 17 p.); 3 a 2, de virada, Mihăila marcou gol da vitória. Aos 43 do segundo . De pênalti. Ao fim do clássico, os jogadores da Poli II fizeram fila e levaram cascudos da torcida (só não foi pior, pois, enfim, ainda estão aprendendo a arte do futbol romeno, os garotos).

Por fim, o Apulum Alba Iulia (9º, 18 p.), time que conseguiu superar o incansável Viorel Frunză, sentiu o cansaço de esforço tão hercúleo e, depois de sair ganhando, acabou cedendo o empate para o C.S. Auxerre (14º, 13p.), 1 golo pra cada lado. Ao fim da partida, a echipa foi levada às pressas para o pronto-socorro, onde os jogadores chegaram sentindo fortes dores musculares, enjôo e dificuldade para respirar. Exaustão ou efeitos colaterais de substâncias ilícitas? A se averiguar.


Em Tempo:
Saiu a poucos instântes os combates das oitavas-de-final da Cupa României. O suspeito Apulum Alba Iulia deu azar: pegou o Steaua querendo se realibitar nos campeonatos nacionais. Já o Caracal deu sorte, enfrenta o National, atualmente relegável. Os demais encontros serão entre clubes que já se conhecem da Divizia A. Ao lado, a Cupa, atualmente na sala de troféus do Rapid Bucureşti. O vencedor da competição enfrenta o campeão da Liga 1, na unificação dos títulos nacionais: a Supercupei Romanesc.

Os jogos da rodada serão nos dias 7 e 8; o leitor saberá de todos os detalhes, aqui, no Bola Romena.

Steaua Bucureşti X Apulum Alba Iulia
FC National X FCM Caracal
Poli Iasi X Farul Constanta
Pandurii Tg Jiu X Dinamo Bucureşti
Rapid Bucureşti X Universitatea Craiova
Poli Timisoara X CFR Cluj
Unirea Urziceni X Otelul Galati
UTA Arad X FC Arges

Liga 1: 13ª rodada, surpresas e confirmações

A décima terceira rodada do campeonatul romanesc foi sem dúvida pródiga em emoções e em eventos interessantes. Para começo de conversa, o Dinamo Bucuresti segue sendo o estraga-prazer do campeonato: meteu 5 a 0 no pobre Politehnica Iasi e mantém os 100% de aproveitamento na Liga 1. Foi uma atuação luxuosa, com o primeiro gol saindo aos míseros 7 mins de jogo, e um show de bola do volante Andrei Margaritescu, que até bucha fez. Outro que marcou foi o ‘atacant’ Ionel Ganea, artilheiro do campeonatul com 10 ‘golgheteri’, dividindo a posição com Nicolae Dica, do Steaua. Para o Poli Iasi, resta o consolo de ter dado uma goleada nos ‘cartonase galbene’: 4 a 0, com destaque para o ‘fundas’ Adrian Toma, que fez jus ao sobrenome e garantiu o seu ‘cartona’ aos 83 mins, através de uma tesourada de encher os olhos de qualquer torcedor romeno.


O Steaua, depois de tropeços desagradáveis na semana passada (ainda estamos tentando esquecer o jogo contra o Real Madrid, mas é complicado), reagiu consideravelmente bem nos dois últimos jogos: além de meter 3 a 0 contra o Forex na Cupa României, derrotou pelo mesmo placar também o Unirea Urziceni, em jogo válido pela Divizia A. Depois de um primeiro tempo tenso, empatado em zero a zero, os comandados de Cosmin Olariou voltaram com gana de matar e consolidaram o significativo placar de 3 a 0 (na foto acima, o primeiro gol, assinalado por Valentin Badea). Destaque para a atuação segura do ‘portar’ Cornel Cernea, que fechou a meta e fez Carlos Fernandes parecer ainda mais culpado da derrota para o Real Madrid do que já é. Afastado do ‘ros-Albaştrii’, o português já está fazendo as malas e dificilmente continua no Steaua até o final do ano que seja.

A surpresa da rodada, sem a menor dúvida, é o FC Arges. Lanterninha orgulhoso do campeonato, o clube simplesmente melou a vida do Otelul Galati, que bem ou mal é postulante ao título, e enfiou consideráveis 3 a 1 sobre o clube rubro-negro. Comandados pelo ‘miljocas’ Andrei Prepelita (foto, que além de distribuir canelaços e cotoveladas abriu o placar aos 37 mins), o Arges surpreendeu até a minúscula torcida presente, conquistando uma vitória que, à princípio, não faz diferença (continuam lanternas do campeonatul, agora com 6 ‘puncti’), mas que diminui para 2 pontos a diferença para o Jiul Petrosani. O alvinegro perdeu para o Poli Timisoara por 1 a 0, gol feiíssimo mas efetivo de Gigel Bucur aos 86 minutos.

Uma pedra que o Bola Romena vem cantando há tempos é a importância incrível de Viorel Frunza (foto) para o FC Vaslui. Depois de maus resultados nas últimas partidas, o Vaslui venceu o Ceahlaul Piatra Neamt por 3 a 1, com dois belos ‘goluri’ do ‘miljocas’ moldovar. Agora, o clube está em 15º lugar, com 12 ‘puncti’, e começa a vislumbrar a luz no fim do túnel e a saída do grupo de relegamento.

E o confronto entre Universitatea Craiova e Pandurii Tg Jiu, que profetizávamos como um evento trepidante pelo potencial bélico envolvido, acabou correspondendo às expectativas – embora não exatamente pelos motivos apontados. A ‘egalitate’ em 2 a 2 das duas ‘echipa’ foi movimentadíssima, e o placar abriu a favor do time de Craiova aos 6 mins, com gol espírita do australiano Michael Baird. Aos 8, o ‘miljocas’ bósnio Vojislav Vranjkovic ganhou o ‘cartona galbene’ e, energizado pela punição, empatou o jogo para o Pandurii aos 17 mins. No final do jogo, adrenalina pura: aos 89, Bornescu marca de pênalti para o Craiova, e já nos descontos o heróico Vranjkovic reestabeleceu a igualdade, em um jogo absolutamente emocionante. Nos ‘cartonase galbene’ também houve fartura, em um total de nove punições – destaque, no Craiova, para o próprio Bornescu, que tirou a camiseta para comemorar o gol, e no Pandurii para Alin Rus, que conseguiu ser punido aos 92 minutos, quando o juiz já estava com o apito na boca e a iluminação do Stadionul Ion Oblemenco estava prestes a ser apagada. Jogaço, sem dúvida.


Agora, o Dinamo Bucuresti é mais líder do que nunca, com impressionantes 39 ‘puncti’ em 13 jogos, 100% de aproveitamento e saldo de 23. Na verdade, o campeonatul romanesc vai aos poucos perdendo a graça, pois cada vez mais a vantagem dos ‘cães vermelhos’ se torna inexpugnável. Com os tropeços do Otelul Galati e do CFR Cluj (que perdeu para o Rapid por 3 a 1 e deu novo alento aos bucurestinos), o Steaua fica isolado na vice-liderança com 27 ‘puncti, e a briga das posições intermediárias fica bastante embolada, com apenas 4 pontos de diferença entre o terceiro (Otelul, com 24) e o oitavo colocado (Gloria Bistrita, com 19). Na rodada do próximo fim de semana, é o CFR Cluj que terá a chance de tirar o selinho do Dinamo, em casa – e precisa ganhar se não quer perder terreno na briga pelas primeiras posições. Otelul Galati x Rapid Bucuresti é outro jogaço entre adversários diretos, e o Steaua joga fora contra o Ceahlalu Piatra Neamt enquanto torce por um tropeço do líder. Confronto direto também no andar de baixo, com FC National enfrentando Fiorel Frunza e o reanimado FC Vaslui, e o FC Arges tenta manter o ânimo enfrentando fora de casa o cambaleante Unirea Urziceni. Rodada elétrica, como se vê – e o Bola Romena, claro, lá estará, fazendo a melhor cobertura em português do campeonatul romanesc.

duminică, octombrie 29, 2006

STEAUA 1986: um título para não esquecer

A história que narraremos a partir de agora para os leitores fiéis do Bola Romena não é uma história qualquer. Trata-se, simplesmente, da maior façanha do Fotbal României em todos os tempos, um triunfo que enche de lágrimas orgulhosas os olhos de todos que amam o esporte romeno: a conquista da Copa dos Campeões da Europa em 1986 pelo nobre Steaua Bucuresti. Uma história de sangue, luta incessante e de um herói trágico entre muitos heróis: o grande ‘portar’ Helmuth Duckadam.

Na temporada 1985-1986, o Steaua conseguiu finalmente conquistar a Liga 1 depois de seis anos de jejum. Guiado pelos competentes ‘antrenori’ Emerich Jenei e Anghel Iordanescu, os ‘militarii’ construíram campanha sólida, e conquistaram o caneco sem maiores sobressaltos. Boa parte do sucesso deve ser atribuída ao forte plantel do qual dispunha o clube na época. Tendo como capitão o viril Stefan Iovan (foto), o Steaua Bucuresti da época tinha também em seu plantel nomes emblemáticos como os ‘fundas’ Adrian Bumbescu e Miodrag Belodedici, os ‘miljocas’ Mihail Majearu e Gavril Balint e os ‘atacant’ Victor Piturca e Marius Lacatus. Para se ter uma idéia, o grande Iordanescu era reserva nesse timaço. No entanto, mesmo com o forte grupo de ‘jucatori’ e a bela campanha no romenão, nem o mais otimista dos torcedores bucurestinos, estava preparado para a série arrasadora de resultados que o clube construiria a seguir.

Na época, o campeonato era disputado num estilo Copa do Mundo: dois clubes se enfrentando em ida e volta, com o de melhor desempenho seguindo em frente na competição. A primeira fase da Copa dos Campeões daquele ano apresentou como adversário aos ‘Ros-Albaştrii’ os dinamarqueses Vejle Bold Klub, que na época contavam com o astro Alan Simonsen, recém regresso do Barcelona. No primeiro jogo, 1 a 1; na volta, um Ghencea lotado testemunhou retumbantes 4 a 1 para os ‘militarii’ e o sinal evidente de que aquela ‘echipa’ romena não estava para brincadeiras.

No próximo confronto, contra os búlgaros do Honved, um tropeço inicial: derrota por 1 a 0 e considerável apreensão na Romênia, apesar do bom jogo apresentado pelos ‘militarii’. Na volta, porém, fez-se justiça: outra goleada de 4 a 1, enchendo de alegria e vandalismo as ruas de Bucuresti.

Nas quartas de final, um confronto de surpresas: o próprio Steaua e o Kuusysi Lahti, time finlandês que já tinha virado o xodó da competição graças a sua campanha excepcional. No primeiro jogo, um preocupante 0 a 0 em pleno Ghencea, e o temor de parte da crítica especializada e da torcida bucurestina. No jogo de volta, o Lahti Stadium lotado parecia pronto para saudar a vitória dos descendentes de Vikings, e a pressão inicial do Kuusysi parecia evidenciar mais ainda o difícil momento. Mas os guerreiros romenos, sedentos de sangue, pouco cartaz deram para os loirinhos, e ganharam o jogo com um apertado mas eficiente 1 a 0.

A semifinal, contra os belgas do Andrelecht, começou difícil: um apertado 1 a 0 para os belgas, gol assinalado aos 75 minutos em uma partida na qual o Steaua foi superior a maior parte do tempo. A partida de volta, porém, é tida por alguns como a melhor performance do Steaua em todos os tempos, assinalando portentosos 3 a 0 em um Ghencea lotado com mais de 30 mil torcedores e assegurando a quase inacreditável vaga na finalíssima, contra os espanhóis do Barcelona.



(da esq. para a dir.: DE PÉ: Bölöni, Belodedici, Iovan, Piţurcă, Bumbescu e Duckadam. AGACHADOS: Majearu, Lăcătuş, Bălan, Balint e Bărbulescu)

Praticamente todos os torcedores e críticos esportivos romenos são unânimes em afirmar que não esperavam grande coisa da noite de 07 de maio de 1986, no estádio Ramon Sanchez Pizjuan, em Sevilha (ESP). Afinal, o Barcelona era o mais rico time do mundo, com um plantel estelar, e quase 75 mil espanhóis superlotavam as arquibancadas na espera de uma conquista consagradora. O simples fato do Steaua Bucuresti estar na final já bastava para a maioria dos romenos, que ficariam contentes se o clube saísse com dignidade e perdesse de pouco golos. Mas não os ‘antrenori’ e ‘jucatori’ do Steaua, que antes do jogo fizeram um pacto e juraram pelo sangue dos ancestrais levarem a taça consigo, custasse o que custasse. Poderia talvez ter sido o furto mais espetacular da história da UEFA, mas ao invés disso foi uma das finais mais extraordinárias que o planeta já viu, e uma conquista das mais sofridas, dramáticas e comoventes.

O Steaua armou um verdadeiro ferrolho, trancando as ações do Barcelona e evitando que os movediços atacantes do clube espanhol tivessem qualquer possibilidade de conclusão. A idéia era não sofrer golos, mesmo que isso limitasse o potencial ofensivo da equipe, e assim foi: nenhuma bucha de lado a lado durante o tempo normal, em um jogo tipicamente romeno, cheio de marcação severa e virilidade. A tensão, quase insuportável, estendeu-se pelos 30 minutos de prorrogação, e tornou-se quase opressiva na hora da cobranças dos pênaltis. Os espanhóis, já sem o rebolado do início do jogo, temiam o pior; os bucurestinos, impressionados com o milagre que se desenhava diante dos olhos, passaram a torcer desesperadamente pela glória antes tida como impossível. Desnecessário dizer que Sevilha inteira era um caldeirão, e que os pênaltis foram um dos eventos mais espetaculares que o futebol mundial jamais viu.

Oitos cobranças foram efetuadas, e apenas duas foram para as redes. Os quatro primeiros arremates (Majearu e Bölöni pelo Steaua, Alexanko e Pedraza pelo Barcelona) foram perdidos: dois defendidos por Urruti, e dois por Helmuth Duckadam. Abaixo, o vídeo mostrando esses arremates, tirado diretamente da TV romena (devido a problemas com o provedor dos vídeos, incluiremos aqui apenas os links para os mesmos):

http://www.youtube.com/watch?v=0LZ69zNoE6M


A seguir, o que se deu foi no mínimo emocionante. Lacatus, em chute violento e alto, quase no meio da meta, finalmente abre o escore das penalidades. A seguir, Duckadam defende o terceiro chute consecutivo, desferido por Pichi Alonso. Gavril Balint converteu também o seu chute, deixando o Barcelona na obrigação de converter os dois próximos e torcer por um erro do Steaua para ser campeão. O Ramon Pizjuan era silencioso como um túmulo nesse momento. Marcos cobra, e Duckadam faz o impensável: defende o quarto pênalti seguido, garantindo o título do Steaua e escrevendo seu nome no livro Guiness e na história do futebol romeno. Era o milagre, o inponderável, o paraíso na Terra: Steaua Bucuresti, campeão da Copa dos Campeões da Europa 1985-1986. Duvido que qualquer apreciador do bom futebol não sinta arrepios ao ver o vídeo das últimas quatro cobranças, disponível abaixo.

http://www.youtube.com/watch?v=97dFDkY5S0I

Cada um dos heróis dessa jornada mágica seguiu rumos diferentes. Lacatus, o grande Fiara (A Besta) do ataque do Steaua, permaneceu no Ros-Albaştrii até 1990, jogando depois pela Fiorentina e pelo Real Oviedo antes de retornar a Bucuresti. Atualmente, é técnico do UTA Arad, nono colocado na Liga 1. Victor Piturca e Stefan Iovan são, respectivamente, ‘antrenor’ e auxiliar técnico da seleção romena, enquanto Gavril Balint é membro da equipe técnica do Poli Timisoara. A história mais trágica e tocante, no entanto, é a do grande ‘portar’ Duckadam. Poucas semanas depois da noite histórica de Sevilha, o atleta começou a se ausentar dos treinos, e a situação degringolou ao ponto do goleiro sumir do futebol por vários anos. Boatos davam conta de que o ditador Nicolae Ceausescu teria se enciumado com a imensa fama do heróico arqueiro, e ordenado cruelmente que as mãos do ‘portar’ fossem mutiladas a marteladas, de modo que ele nunca mais pudesse jogar profissionalmente. No entanto, aos poucos a verdade surgiu: Helmuth Duckadam foi diagnosticado como portador de uma rara disfunção do sistema circulatório, que dificulta a irrigação sanguínea das extremidades do corpo – e que, por isso, tornava o arqueiro incapaz de usar as mãos do modo requerido para um goleiro profissional. Anos depois, em 1989, Duckadam retomou o futebol, e por duas temporadas defendeu o pequeno Vagonul Arad – sem, no entanto, recuperar jamais o desempenho de seus tempos de glória, o que o levou a optar pela aposentadoria. Atualmente, segue carreira política.

O Steaua Bucuresti se manteve bem no restante dos anos 80, e embora tenha perdido no Mundial Interclubes para o River Plate por 1 a 0, venceu a Supercopa européia de 1987 contra o Dinamo Kiev, e chegou perto do título maior da Europa em duas outras oportunidades: 1987-1988, quando foi eliminado nas semifinais pelo Benfica, e em 1988-1989, quando chegou a final e perdeu de 4 a 0 para o Milan. Atualmente, o Steaua Bucuresti disputa essa mesma competição, mas faz campanha pouco animadora, com duas derrotas em casa e míseros 3 ‘puncti’ em 3 ‘etapa’. De qualquer modo, o brilho dessa conquista nunca fenece, e por muito tempo ainda teremos o prazer de rememorar esse momento extraordinário do futebol mais competitivo e impressionante do planeta.

sâmbătă, octombrie 28, 2006

Cupa României: sem choro nem vela

Na última semana, nos dias 24 e 25, se deu a primeira fase da Cupa Romaniei, segunda competição mais importante da România. Diferente do filhote Copa do Brasil, cada fase se resolve em um único meciuri, formula que inspirou os moldes atuais da Copa do Mundo. Garante-se, assim, maior virulência por parte dos jucatores, e maior emoção para os expectadores. Seguem os resultados:

Marti - 24 Octombrie
Somesul 0 - 4 CFR Cluj
Farul Constanta 4 - 1 Gloria Buzau
FC National 2 - 1 FCM Bacau
Pandurii Tg Jiu 0 - 0 Jiul Petrosani (nos pênaltis, 4-3)
Apulum Alba Iulia 0 - 0 CS Vaslui (nos pênaltis 4-2)
Unirea Urziceni 2 - 1 Juventus
Dinamo 3 – 1 Farul II

Miercuri - 25 Octombrie
FC Argeş 1 - 0 FCM II Bacãu
Ceahlãul 1 – 2 U Craiova
Corvinul Hunedoara 1 – 5 Otelul Galati
Gloria Bistrita 1 - 1 Caracal (nos pênaltis, 4-5)
Poli II Timişoara 1 – 3 Poli Timişoara
UTA Arad 4 – 1 CS Otopeni
Poli Iaşi 2 - 1 Universitatea Cluj
Râmnicu Vâlcea 0 – 4 Rapid
Forex Braşov 0 - 3 Steaua


Note-se que os jogos foram, basicamente, times da Liga 1 contra times da Liga 2, com predomínio da primeira divisão. Mesmo o Arges, laterninha absoluto da Liga 1 conseguiu meter um golo salvador, aos 41 da etapa complementar, no adversário, FCM II Bacãu. De resto, Rapid e Cluj golearam por 4 seus adversários, o Otelul Galati ganhou de 5 a 1 do Corvinul Hunedoara, o Steaua deu um tempo na crise e fez 3 no Forex Braşov, e, como não poderia deixar de ser, o Dínamo ganhou, 3 a 1 no time dois do Farul.

Quem não seguiu a tendência foi o Gloria Bistrita, que parece ter uma nuvem negra sobre a cabeça. Sem vencer já faz algumas rodadas na Liga 1, empatou com o Caracal no tempo regulamentar e perdeu a vaga nos pênaltis, ao disperdiçar a última cobrança. Dorel Zaharia, que chutou pra fora, já está jurado de morte pela torcida, e encontra-se refugiado em Montenegro, o país, não o município gaúcho.

Outro clube da Liga 1 que decepcionou foi o Vaslui, que está entre os relegáveis, mas que conta com a força sobrehumana de Viorel Frunza. Tendo empatado sem gols com o Apulum Alba Iulia, foi-se às penalidades máximas. O juiz não cedeu à presão para que Frunza cobrasse todos os tiros, e deixou-lhe cobrar apenas dois. Resultado: 4 a 2 para o Apulum. Realmente, este moldovar carrega seu time nas costas.

Por fim, o jogo mais curioso da rodada: a Politehnica Timişoara ganhou de 3 a 1 do... seu próprio time B! (esq.) Confusão parecida com aquela do Petrolul Ploieşti, relatada pelo companheiro Natusch em post anterior. Enfim, um jogo que pode-se acusar de ter sido armado, mas que nem por isso não terminou sem algumas fraturas expostas e o coma de Costel Pantilimon, que jogou 45 minutos em cada time, o que causou fúria e ataques desleais da Poli II.


Em tempo:
* O sempre atento leitor Alexandre Batista reclamou, em post, que o capitalista Gigi Becali, dono do Steaua desde o fim do comunismo, estaria desprestigiando o portar Carlos Fernandes. É fato que o czar do mercado negro e cartola disse “Dau 100 000 de mii de euro, celui care va vrea serviciile lui Carlos”, mas também deve-se considerar que a torcida rós-albaştrii já começou uma vaquinha para que o possível comprador do passe de Fernandes receba 200 milhões de euros, ao invés de 100. O anti-lusitanismo na România, hoje, é maior que em Pindorama após do grito do Ipiranga; e, deve-se dizer, é completamente compreensível. Aliás, Fernandes, no jogo contra o Forex, não esteve nem no banco. Jogou Cernea.

* Pela Copa da Uefa, o Rapid Bucureşti empatou em 0 com o PSG, e no dia 2 de novembro será a vez do Dínamo Bucureşti jogar, contra o Besiktas, em casa.

miercuri, octombrie 25, 2006

Uma semana conturbada

Foi uma semana deveras conturbada para a redação do Bola Romena. Não bastasse a enorme quantidade de compromissos alhures sugando o tempo das mentes pensantes por aqui, o Steaua Bucuresti ainda inventa de cair de quatro diante do Real Madrid, situação acachapante e posição inaceitável para uma ‘echipa’ que defende o valeroso futebol romeno. Resta-nos, agora, tentar colocar a cabeça no lugar, recuperar o foco e tentar dar algum sentido aos eventos da semana que passou.

Evidentemente, o triste jogo de terça no Ghencea não pode de modo algum ser ignorado. Não me deterei tão profundamente nesse triste evento, posto que já foi brilhantemente dissecado por nosso mui competente Allgayer em artigo logo abaixo. Pessoalmente, acho que o primeiro fato triste do dia foi anterior ao jogo: o anúncio da venda do portentoso ‘miljocas’ Mirel Radoi, herói bucarestino e ídolo inconteste do Steaua – e o que é pior, para o mesmo Real Madrid que seria adversário horas depois. O efeito psicológico dessa revelação chocante foi evidente e imediato – não só sobre os jogadores como sobre a própria torcida, de tal modo chocada com esse golpe duríssimo que não entoou os cânticos de morte e terror com a empolgação habitual. O estádio pode ter parecido vibrante para os destreinados olhos ocidentais, mas um conhecedor do ‘fotbal româniei’ sabe que o Ghencea da noite de terça mais parecia uma pira funerária do que o caldeirão que é costumeiramente.

No jogo, foi o que se viu: um Real Madrid superior, aproveitando a falta de vibração dos romenos e jogando absolutamente ao natural. Carlos Fernandes teve atuação lamentável, incapaz de transmitir qualquer segurança para a defesa, e merece ficar no banco até que o Steaua se desfaça dele, de preferência antes do fim do ano. Os ‘fundas’, embora sempre atuando com a truculência necessária, foram envolvidos o tempo inteiro, e nem mesmo uma atuação dedicada do pelotão de frente (em especial do sempre aguerrido ‘atacant’ Dica) foi suficiente para evitar o vexame. Agora, só um milagre de guerra comparável às atrocidades de Vlad Tepes pode reviver os ‘militarii’ no campeonato europeu – e a pedreira da vez é lá em Madrid, em pleno Santiago Bernabeu. Sem a especulada volta de Mirel Radoi, que ao invés disso pode estar assinando o contrato com seu novo clube espanhol. Nada animador o cenário, como se vê.

E é claro que esse momento terrív daria frutos nada saborosos para a torcida bucurestina. Na rodada do fim de semana do romenão, o rubro-azul perdeu por 2 a 1 para o Otelul Galati, adversário direto nas peleias pela vice-liderança, e ainda viu o Dinamo passar o ferro em mais um, desta vez no pobre Gloria Bistrita. Guiados por uma atuação destacadíssima do ‘fundas’ Marius Baciu (até bucha o homem fez, pelo amor de Deus) e com a participação digna de registro de Ramses Gado (com um nome desses, é impossível não merecer destaque), os alvi-rubros passaram os alquebrados bucurestinos no fio da espada, e o futuro do Steaua é incerto na competição depois dessas dolorosas e quase simultâneas traulitadas – ainda mais com a lesão de Nicolae Dica, que o transforma em dúvida para os cotejos que virão a seguir.


Já o bicho papão do campeonatul romanesc segue fazendo vítimas. Para desconsolo do ilustre Fonseca, folclórico torcedor dos ‘vampiros azuis’, o Gloria Bistrita perdeu em casa para o Dinamo Bucuresti por 1 a 0, gol do movediço Claudiu Niculescu (ao centro na foto acima) aos 76 minutos de bola rolando. Ao que consta, foi uma partida feia, com poucos lances viris e uma única jogada de maior beleza: logo depois de seu time tomar o gol, o ‘miljocas’ Joszef Peres resolve tirar as caras com o juiz e parte para o carrinho desleal sobre o árbitro, para delírio da torcida e em uma ação justamente recompensada com um portentoso ‘cartona rossi’.

O destaque pessoal da rodada, na opinião do cronista, vai para Mariko Daouda (foto), ‘fundas’ do FC Arges. O atleta, nascido na Costa do Marfim, recebeu o ‘cartona galbene’ aos 42 minutos, por uma falta desleal de encher de orgulho qualquer morador do leste europeu. Decepcionado por não ter sido expulso, no entanto, o atleta voltou do intervalo babando de raiva, e em míseros 4 minutos cometeu atos violentos em quantidade suficiente para justificar um novo ‘galbene’ e, por conseqüência, um ‘rossi’ consagrador. A derrota para o CFR Cluj afundou o clube de Arges na lanterna, com míseros 3 pontos ganhos, mas pelo menos a torcida teve o prazer de alguns lances do mais puro traquejo romanesco.

No romenão, a liderança cada vez mais isolada é do Dinamo, com impressionantes 36 ‘puncti’ e 100% de aproveitamento. Steaua Bucuresti e Otelul Galati estão empatados com 24, e o CFR Cluj está no encalço, com 23 pontos. Na próxima rodada, o Dinamo enfrenta em casa o inconstante Politehnica Iasi, que por enquanto está na sexta posição da tabela com 20 ‘puncti’. É seguro afirmarmos que os ‘lobos vermelhos’ são favoritos no confronto contra os selvagens de azul e branco. O Otelul Galati viaja a Arges para enfrentar o frágil lanterna do campeonato, enquanto o Steaua tenta recuperar sua honra derramando o sangue do ‘leão azul’ (Unirea Urziceni) no regresso dos ‘militarii’ à arena do Ghencea. Um confronto interessante a ser cobrido é Universitatea Cravoia vs. Pandurii Tg Jiu – dois clubes que estão bastante mal na tabela, mas que não economizam na virilidade (juntos, somam 42 ‘cartonase’, entre ‘galbene’ e ‘rossi’), o que deve garantir um empate sem gols mas repleto de violentas emoções. Podem ter certeza que o Bola Romena, agora recuperado do baque, estará lá, cobrindo tudo para vocês.

sâmbătă, octombrie 21, 2006

Sobre a derrota do Steaua

Sem dúvida o siteul Bola Romena sentiu o baque da derrota acachapante do grande Steaua Bucureşti para o Real Madrid, o time do gordo. Foi deveras desmotivante, afinal, a estrela bucurestina é o único clube romeno que conseguiu ultrapassar o preconceito ocidental e se fazer ser respeitado, à custa de muito sangue derramado em Sevilha, 1986.

Não iremos aqui descrever o jogo válido pela copa dos campeões, afinal, ele foi televisionado, uma vitória nossa, dos apreciadores do fotbal româniei, que através deste portal fizemos pressão sobre a grande mídia tupiniquim, que mostrou total despreparo para narrar tal jogo. Iremos, sim, de forma ponderada e sóbria, apontar as causas do fracasso:


1) O mundo não está preparado para o fotbal praticado pelos romenos. Isso é um fato. As regras da FIFA não permitem que os jucatores de origem romena utilizem seus atributos naturais que os fazem jogar como jogam. Assim, quando ultrapassam as fronteiras nacionais, têm de refrear seus impêtos, do contrário, em menos de 15 minutos já teriam sido expulsos todos. É dificil para os estrangeiros entenderem que a expressão futebol violento é mais do que uma redundância: ela não existe na românia, e, enquanto formulação intelectual, é incompreensível para aquele povo que durante tantos séculos impediu que os turcos otomanos invadissem a Europa, sem nunca terem escutado U M A palavra de agradecimento. Da mesma maneira, nos últimos anos, os cartolas mundiais conseguiram reprimir, mesmo em território romeno, um equipamento fundamental para o exercíco do esporte numero um do país: a chuteira de chumbo. O Fotbal está em extinção.

2) Outra prova desta última afirmação é a invasão de jogadores estrangeiros na Liga 1, colocando em perigo o autêntico futebol romeno. Se algumas aquisições foram positivas (como Zé Kalanga), em compensação, um bandos de maricas cagalhonas imprestáveis viciam a boa prática deste esporte. O que dizer do portar português puto e perneta Carlos Fernandes, o culpado numero um pela derrota de terça-feira? Se aquela performance tivesse ocorrido no governo de Ceauşescu, Fernandes teria as mãos destruídas por marteladas, as bolas cortadas, sua prole seria exterminada, sua casa queimada e sal seria jogado sobre o terreno, para que nada mais crescesse ali. O treinador do Steaua, Cosmin Olăroiu, o Oli (uma espécie de Felipão mais insandeciso), já prometeu colocar Fernandes no banco, e dar a titularidade a Cornel Cernea, 100% sangue romeno. Cernea, em 1998, numa dividida, perdeu três dedos das mão esquerda; sem titubiar, juntou os dedos, colocou-os no bolso e jogou mais meia hora. Hoje, ele usa os dedos, devidamente empalhados, como chaveiro. É este o tipo de jucator que queremos ver em campo.

3) Nesta terça, não só o Steaua, mas toda a România foram descaradamente roubados. O juiz, como se pôde comprovar ao final da partida, estava com uma camiseta merengue por baixo do uniforme, e jornalistas romenos descobriram que ele participou de uma orgia homossexual comemorativa da vitória, juntamente com os jogadores e cartolas madrilenhos. Isso explica impedimentos e penaltis mal marcados, cartões inexplicaveis, o tostão que o juiz deu em Radu Stefan e o placar elástico. Claro, a rigidez do trio de arbitragem, para o ocidente, seria explicado pela tal violência bucurestina, que já desmitificamos, o mesmo motivo pelo qual Ronaldo Nazário pediu pra ficar no banco, ameaçando ter uma convulsão. Mas a grande verdade é que a FIFA, uma organização eminentemente capitalista, e o Real Madrid, associação de viés monárquico, que já foi uma aliada atuante da ditadura conservadora do generalíssimo Franco, na Espanha, não poderiam perder para o Steaua, máquina de propaganda do comunismo não-alinhado de Bucureşti, ainda mais no Ghencea, que até hoje é de propriedade do glorioso Exército Romeno. Mas o povo romeno, na realidade, não precisa das competições da UEFA, são suficientes as competições promovidas pela Federatia Romana de Fotbal, onde se prática o verdadeiro fotbal e que fornece emoção genuína para este povo que ama seu país e seu fotbal, algo que os modeletes do Real jamais serão capazes de fazer por sua Madri. Pobre Espanha!


Então, a forte raça romena, e este sítio, levantarão a cabeça e seguirão em frente se deliciando com a Liga 1, que já está em sua décima-segunda rodada, com a tensa Liga 2 e com a Cupa Romaniêi, que terá inicio na próxima semana, só clássicos.

luni, octombrie 16, 2006

DINAMO BUCURESTI 2 X 1 FARUL CONSTANTA (Liga 1, 14/10/2006)

O Dinamo Bucuresti faz, como sabemos, campanha extraordinária na Divizia A do campeonato romeno. Com acachapantes 100% de aproveitamento, os “cães vermelhos” já estão há 11 rodadas sem tomar conhecimento dos adversários – e, convenhamos, tal desempenho no mais disputado e sangrento campeonato nacional do planeta não é pouca coisa. A vítima da vez foi o pobre Farul Constanta, e apesar de toda a coragem e virilidade os “tubarões” nada puderam fazer frente ao melhor futebol do adversário.

Os 15300 lugares do Dinamo Stadium estavam tomados por ‘suporteri’, e os “Nuova Guardia” comportaram-se como de hábito, sem parar de cantar e pedir sangue um minuto sequer. Como resultado, os ‘jucatori’ vieram a campo com a sofreguidão habitual, armando desde o início violenta pressão sobre os visitantes. Os “marinarii”, corajosos como todo bom grupo de guerreiros romenos, respondiam à pressão como podiam, distribuindo golpes baixos e certamente tomando algumas lições com o bem-sucedido time de rúgbi da agremiação. Aos 21 minutos, porém, o aguerrido atleta Ionel Ganea encarregou-se de acabar com a brincadeira, metendo uma bucha certeira e assinalando seu nono golo na competição. Agora, o ‘atacant’ divide a artilharia com Nicolae Dica, do Steaua Bucuresti. Desnecessário dizer que a festa dos cães vermelhos foi selvagem, e algumas dezenas de torcedores devem ter cometido suicídio involuntário durante o frenesi da comemoração.


No entanto, os ‘marinarii’ são famosos, se não pela pujança do futebol, pela coragem dentro do campo de batalha futebolística, e empataram de modo surpreendente aos 34 minutos, em bela jogada individual do ‘miljocas’ Liviu Mihai. Na seqüência, um silêncio ominoso caiu sobre o Dinamo Stadium, silêncio quebrado apenas pelo som surdo das travas das chuteiras contra canelas, costelas e mandíbulas. No intervalo, o ‘antrenor’ Mircea Rednic deve ter cobrado mais atitude de seus comportados ‘jucatori’, e os ‘fundas’ Radu Stefan e Cosmin Moti seguiram à risca a cartilha, recebendo ‘cartonase galbene’ após entradas violentas tipicamente romenas. De qualquer modo, esse abandono de rococós futebolísticos ocidentalizados e o resgate da verdadeira tradição romena de ‘fotbal’ acabaram rendendo dividendos, e os “cães vermelhos” enfim alcançaram a vitória aos 64 minutos, com um gol chorado de Claudiu Niculescu. O Farul ainda tentou emparelhar as coisas, senão no placar de ‘goluri’ no de ‘cartonase’, e Tibor Moldovan levou o seu aos 84 minutos. Mas aí já era tarde, e o Dinamo já tinha na mão a décima primeira vitória em onze jogos, para o delírio dos ensandecidos ‘suporteri’, que não deixaram pedra sobre pedra em Bucuresti durante sua vigorosa comemoração.

A questão que se ergue agora é: quem tirará a virgindade do Dinamo na Divizia A? Na próxima rodada, os alvi-rubros vão até Bistrita enfrentar o Gloria, time do coração de nosso leitor emérito Fonseca. Considerando que dois dos adversários mais próximos do Dinamo terão confronto direto na rodada que vem (Otelul Galati x Steaua Bucuresti), é de se crer que uma décima segunda vitória deixaria os ‘cães vermelhos’ em situação extremamente cômoda na competição. No entanto, o Gloria Bistrita ainda não perdeu em casa (são quatro ‘victorii’ e um ‘egalur’), de modo que as coisas podem complicar no fim de semana que vem. Veremos.

DESTAQUE DA RODADA: FC National. Embora esteja entre os rebaixados e tenha empatado em 1 a 1 com o Poli Timisoara em jogo chocho e de poucas jogadas de emoção, demonstra pelos números estar achando seu melhor futebol: nada menos que seis ‘cartonase galbene’ e um ‘rossi’, para o aplicadíssimo ‘atacant’ Roberto Iancu. Se continuar essa reação espetacular, não há dúvida que sai da zona do relegamento em poucas rodadas. Fiquemos de olho.

11ª Etapa: Balanço e Destaques


O inconstante Farul Constanta bem que tentou, mas a honradez Dinâmica segue intacta: o time bucurestino fez 2 a 1 e segue na liderança, 33 puncte, 100% de aproveitamento. Gols da dupla que tem marcado em quase todos os jogos, Claudiu Niculescu e Ionel Ganea (que segue como golgheteri, mas agora dividindo o posto com Nicolae Dica, do rival Steaua); Liviu Mihai descontou ( o numero 7 na foto, fazendo falta no portar Vladimir Gaev).

Nove pontos atrás, o Steaua segue no encalço do líder. Uma aposta do site é que conseguirá chegar próximo, quiçá emparelhar, com o Dínamo. O maior clube romeno tem sido prejudicado pelas lesões constantes, a impossibilidade de escalar sempre o mesmo time e o excesso de jogos. Além de disputar a Liga 1, está envolvido na Copa dos Campeões e na Cupa Romaniei, pela qual jogará dia 25 contra o perigoso Forex Braşov, líder da série 1 da Liga II. Com o início da Copa da UEFA, que terá a participação do Dínamo e do Rapid, a inviolabilidade do líder tenderá a acabar, afinal, como já disse o primeiro-ministro da România, Călin Popescu-Tăriceanu, “esse negócio de invencibilidade é que nem exame de próstata, uma hora vão meter o dedo, então que metam logo”.

Aliás, o citado Rapid é o nosso destaque coletivo desta rodada (camisas vinho, à direita). Meteu nada menos do que 4 buchas no Gloria Bistrita, clube do coração do fervoroso leitor Fonseca, que já esteve melhor colocado mas estacionou nos 16 puncte. Goluri de Valentin Badoi (de pênalti) Mugurel Buga e Viorel Moldovan (duas vezes). Aos bistritenses só restou assistir ao belo fotbal mostrado pelos ferroviários, como são conhecidos os atletas do Rapid, que de fato foram uma locomotiva.

Já o destaque individual não poderia ser outro que não o moldavo Viorel Frunză (foto à esq.), mijlocas do FC Vaslui, um time de todo modorrento, até soporífero, que amargava o penúltimo lugar da classificação, com apenas uma vitória e 3 empates, mas que ontem ganhou do Otelul Galati, a surpresa do campeonato, por imponentes 3 a 1. Detalhe: os três golos foram marcados por Frunză (aos 21, 32 e 74 minutos – Gabriel Paraschiv descontou nos finalzinho, aquele, de honra). E não foi só, Frunză carregou o time nas costas, literalmente inclusive, quando Stefan Mardara se machucou e os padioleiros não se manifestaram, o mijlocas não se fez de rogado e o levou nos ombros até o banco para ser atendido. Exalando vontade de jogar e metendo buchas e mais buchas, só não fez mais por que não precisou pegar no gol, bem defendido pelo português Sérgio Leite. Com a segunda vitória no campeonato, o Vaslui subiu uma posição: é o antepenúltimo, agora, com 9 puncte. Frunză fez mais nesse jogo do que havia feito no resto do campeonato (tem 5 gols no total), e prova, pelo seu futebol, que a Moldávia é para a Romênia o que a Cisplatina é para a República do Pampa: um apêndice que não deveria ser independente. De qualquer maneira, fica a dúvida no ar: até onde Viorel Frunză levará o Vaslui nesse campeonato?

De resto, mesmo perdendo, Otelul Galati (21 p.) e Cluj (20 p.) seguem em 3º e 4º no campionatul, mas agora sentem nos calcanhares as unhas-do-pé de Rapid e das Politehnicas de Iaşi e Timişoara, as três com 19 puncte, embolotando a zona de classificação para as eliminatórias da Copa da UEFA.

vineri, octombrie 13, 2006

Ghencea: portile inchise

A leitura dos textos publicados neste portal pode dar a impressão, equivocada, de que o fotbal romaniei é violento dentro das quatro linhas. Vamos corrijir este erro: na România, a porrada corre solta fora de campo também. Por causa disso, o malfadado Comitê Disciplinar da Federatia Romana de Fotbal puniu o Steaua Bucuresti a jogar com os portões fechados contra o Cluj, hoje, um jogo importantíssimo, que definirá a pozitia 2 do campeonato. O motivo alegado para a sentença foi a empolgação da torcida do Steaua e do Dinamo no jogo pela oitava rodada da Liga 1. Graças a estes senhores que se consideram donos da disciplina e dos salamaleques, perderemos belas imagens, verdadeiras manifestações de amor aos clubes e de espírito esportivo, no melhor estilo olímpico do Barão de Coubertin.



Deve-se entender que o futebol, na cultura romena, é um momento de confraternização entre jucatores, suporteri e poder público. Como se sabe, todos os times romenos já fizeram parte de algum departamento, ministerio ou estatal durante o regime comunista. Os jogos, tradicioalmente, eram verdadeiros atos cívicos, equivalentes a paradas militares, exercícios de guerra ou execuções públicas, e esse espírito persiste. Em jogos internacionais, então, a seleção é mais do que a cara do povo romeno para o mundo, é a clava forte contra os inimigos da nação.



Tome por exemplo o jogo contra a Bielorrússia, já descrito aqui pelo virtuoso Natusch. A torcida russa-branca quis ser mais destrutiva que a dona da casa, uma verdadeira falta de modos. Quando em Bucuresti, não faça como os bucurestinos: melhor correr ou nem sair de casa.



Não por acaso a România foi o único país do leste europeu onde a queda do regime comunista não foi pacífica. Nicolae e Elena Ceauşescu foram levados à praça pública de Târgovişte e metralhados enquanto cantavam a Internacional pelas mesmas pessoas que hoje vão às arenas desportivas. Portanto continuaremos louvando, neste espaço, a alegre e contagiante torcida romena.

Atualização: A fiel torcida alb-albaştrii não pôde ver a bela vitória de 4 a 2 sobre o Cluj. Sorin Ghionea abriu o placar para a Estrela logo aos 5 minutos de jogo; Nicolae Dica e o francês Cyril Thereau ampliaram aos 43 e 44, desnorteando os visitantes, que mal encontraram o vestiario no meio-tempo. Recuperados, passaram a jogar melhor, e Florin Dan descontou duas vezes no segundo tempo, que ainda teve mais um gol de Dica, dessa vez de penalti, que o consagra como o novo golgheteri da Liga 1, com 9 goluri. Sem o incentivo das arquibancadas, o jogo foi calmo, apenas um cartonase galbene, para Stelian Stancu, que joga no time da casa. Com o resultado, o Steaua segue correndo atrás do líder Dinamo, que defende sua virgindade amanhã contra o inconstante Farul Constanta. No domingo, se o Otelul Galati, surpresa do campeonatul, ganhar do vice-lanterninha Vaslui, poderá dividir com o Steaua a vice-liderança.

miercuri, octombrie 11, 2006

MIREL RADOI: ele voltará!

Está perto do fim o período de afastamento de um dos nomes mais emblemáticos do futebol romeno atual. Mirel Radoi, um dos jogadores mais adorados pela fanática e exigente torcida do Steaua Bucuresti, está voltando aos treinos, depois de meses parado devido a uma lesão – e nos parece justo que o Bola Romena aproveite a oportunidade e faça um breve histórico desse grande e diferenciado ‘jucator’.

Mirel Radoi nasceu em 22 de março de 1980 na pequena cidade de Drobeta Turnu-Severin, condado de Mehedinţi, às margens do Danúbio. O ‘miljocas’ começou sua carreira profissional em 1999, defendendo o Extensiv Cravoia na sempre duríssima Liga II. Menos de um ano depois, o futebol aguerrido e viril do ‘jucator’ chamava a atenção do grande Steaua, que decidiu apostar no jovem atleta e ofereceu a Radoi a chance de arrebentar canelas e abrir supercílios alheios na ‘Divizia A’. O resultado foi uma verdadeira história de amor entre jogador e torcida, na medida em que é possível haver amor num ambiente sanguinário como o futebol romeno.

Versátil, Radoi é eficiente tanto no trato com a bola quanto na mutilação dos adversários, e desempenha com igual maestria tarefas de armação, marcação e extermínio. Não é há toa que já há seis anos defende o rubro-azul dos ‘militarii’, e muitos o consideram o melhor jogador romeno ainda atuando no país natal. E o ‘miljocas’ não é exemplo só no campo de batalha futebolístico: comprometido com as cores do seu panteão, Radoi já recusou várias propostas de outras ‘echipa’, disposto a permanecer o máximo de tempo possível no clube que aprendeu a amar – na medida do possível, óbvio. Em um incidente que ficou famoso, diz-se que recusou proposta de 11 milhões de euros do Portsmouth inglês, no que seria a maior negociação da história do futebol romeno, preferindo os gritos de incentivo dos torcedores bucurestinos e o cheiro de sangue e morte das arenas romenas. Há quem diga que na verdade nunca houve proposta alguma e que a direção do Steaua inventou tudo para valorizar o atleta, mas essas insinuações maldosas preferimos ignorar.

O atleta é idolatrado pela torcida local, que o vê como um talismã, e sua importância no atual plantel do Steaua é tamanha que diz-se que os dirigentes chegam a consultá-lo quando da contratação de membros da comissão técnica. Dotado de personalidade forte, o cidadão chegou a abandonar a concentração da seleção em 2005, revoltado com as condições de trabalho oferecidas pela Federação Romena, logo antes de jogo decisivo contra a Holanda. Depois de esfriar a cabeça, pediu desculpas públicas pelo desatino, e foi perdoado pelo técnico Victor Piturca, voltando a ser convocado a partir de fevereiro de 2006, em amistoso contra o Chipre.

No entanto, durante a pré-temporada de 2006-2007, Radoi sofreu uma grave lesão no joelho e foi submetido a uma cirurgia de menisco, enchendo de tristeza os fanáticos ‘militarii’ e todos os apreciadores do futebol romeno aguerrido e bem batalhado. Depois de meses de ausência, Mirel Radoi está quase recuperado, e deve voltar aos treinos na metade de outubro. Cautelosos, os membros da equipe médica do Steaua preferem não dar prazos para o retorno do ‘miljocas’ aos gramados, embora haja quem diga que o grande retorno do guerreiro se dará dia 1° de novembro, em partida pela Liga dos Campeões contra o Real Madrid, em pleno Sanitago Bernabeu. Seja como for, o Bola Romena fica na torcida pelo retorno do grande Mirel Radoi – afinal, são atletas como ele que fazem a glória do esporte romeno e enchem de satisfação seus admiradores.

duminică, octombrie 08, 2006

ROMÊNIA 3 X 1 Belarus (Qualifyings da Eurocopa, 07/out/2006)

A nação romena está em festa. Em jogo válido pelo Grupo G dos qualifyings para a Eurocopa, a seleção nacional aplicou consistentes 3 a 1 sobre a Belarus, demonstrando o futebol aguerrido e determinado que sempre a caracterizou. Com 7 ‘puncti’ em 3 jogos, a seleção romena mantém a liderança do grupo, e nem os resultados dos jogos atrasados podem tirar o orgulho do Leste Europeu da ponta de cima da tabela.

Um Ghencea lotado recebeu os guerreiros liderados por Victor Piturca para a cruenta peleja contra os sempre perigosos (em mais de um sentido) atletas da Belarus. Incentivados por uma torcida sequiosa de sangue, os gladiadores de uniforme amarelo começaram o jogo com extrema energia, atacando sem piedade e marcando com a costumeira falta de finesse. Aturdidos, os adversários pouco faziam para conter o ímpeto romeno, e o guarda-metas Gaev passava o diabo para tentar evitar o pior. No entanto, a ‘blitzkrieg’ dos tricolores era irresistível, e logo aos 7min o jogador da Juventus Adrian Mutu (foto) abria o marcador, aparando cruzamento do movediço Florentin Petre. Mal a Belarus termina de cuspir fora os dentes quebrados com o primeiro golpe, mais um ataque violento dos impiedosos atletas romenos, e aos 10min Ciprian Marica, atleta do Shakhtar (UCR), acerta um arremate lotérico e surpreende o ‘fundas’ adversário, marcando o 2 a 0 e levando os adeptos romenos ao delírio absoluto.

Apesar da ampla vantagem já no início do jogo, a Belarus não é flor que se cheire, e aos 20min desconta através de Kornilenko, que apara cruzamento rasteiro na altura da marca da cal. Um lance indefensável para o ágil ‘fundas’ romeno Coman. A partir daí, o jogo fica mais tenso, com Mutu jogando uma partida destacadíssima, mas sem maiores resultados práticos até o apito do intervalo. No segundo tempo, o confronto manteve um equilíbrio instável, com ambas as seleções revezando chances de gol e lances de pura virilidade. Do lado da Belarus, Kornilenko é o mais perigoso, obrigando os ‘fundas’ romenos Gabriel Tamas e Christian Chivu a fazer hora extra e distribuirem canelaços na tentativa de detê-lo. Do lado dos tricolores, o ‘jucator’ mais proeminente é sem dúvida Florentin Petre, que com sua habilidade acaba criando várias situações de gol para a Romênia. De tanto insistir em servir seus compatriotas, Petre acaba tendo seus esforços recompensados, e aos 76min Goian recebe o lançamento do ‘miljocas’ e mete a bucha contra o gol de Daev. E assim, nessa tabela de Dinamo e Steaua, Bucuresti vê seus filhos ilustres assinalarem o 3 a 1 e liquidarem de vez com o cotejo, restando aos contentes torcedores os festejos orgíacos do pós-batalha.

A Romênia só volta a campo no dia 24 de março de 2007, quando enfrenta a seleção da Holanda. E o Bola Romena estará atento, cobrindo todos os detalhes da campanha romena na Eurocopa, doa a quem doer. Sempre levando aos nossos leitores a cultura futebolística romena, em todo o seu esplendor.

vineri, octombrie 06, 2006

POLI IAŞI 1 x 1 STEAUA

Jogo válido pela décima rodada, se deu duminică, octombrie 01, mas o narramos agora devido ao desaquecimento do campeonatul romanesc, uma vez que neste domingo a gloriosa seleção tricolor entrará em campo. Além disso, foi um jogo romeno prototípico: um egaluri cheio de cartonase galbene e rosii, 4 jucatores expulsos e nenhuma economia de sangue.

O Steaua Bucuresti, segundo do ranking e precisando ganhar pra não deixar o arquirival Dínamo disparar, foi até Iaşi, na fronteira com a Moldávia, enfrentar a Politehnica local, que oscila ali pelo centro da tabela. Entretanto, a estrela bucurestina encontrou o estádio Emil Alexandrescu lotado com 12 mil fanáticos torcedores, apoiando um time que, mesmo jogando em casa, ficou fechadinho e marcou forte. O primeiro tempo ficou embolotado alí pelo meio campo, e o juiz não economizou cartonase galbene: três para a Poli (Toma, Onut e Sfarlea) e um pra Ovidou Petre, do Steaua. Todas as faltas foram criminosas, do jeito que deus fez o fotbal da România.

No segundo tempo, não satisfeitos, os dois times entraram ainda mais agressivos. Dorin Goian, da echipa visitante, faz falta violenta aos 8 minutos, entrando com ambos os pés no croata Martin Saric, que fica atirado no gramado. Punido apenas com o galbene, Goian vê crescer seu xenofobismo, e apenas 5 minutos mais tarde dá um carrinho por trás no checo Martin Cernoch. Mesmo com a derrota da Miss Romênia para a Miss Checa no Miss Mundo, não tem jeito, Goian leva o cartonasi rossi. Com os ânimos ainda mais exaltados, e a falta de pulso do juiz, o caldo engrossa. Como diria Aldir Blanc, o corpo estendido no chão, de frente pro crime, não deixa dúvidas. Radu Ciobanu derruba Nicolae Dica dentro da pequena área e é expulso, aos 25. O próprio Dica cobra, sem chances para o portar Cristian Branet, e faz Steaua um a zero.



Sem a vantagem numérica e perdendo, os alb-albaştrii partem pra cima dos rós-albaştrii com vigor. Cinco minutos depois do golo, o capitão da Poli, Bogdan Onut, se desentende com Gigel Coman, e o que se segue são cenas típicas do pugilato, para a alegria da torcida que adora ver o sangue jorrar, lembrando as batalhas contra os turcos otomanos. Em conseqüência, o jogo é interrompido e ambos são mandados pro chuveiro limpar as feridas. Com 9 cada, o jogo segue, e, aos 48 do segundo tempo, o mijlocas australiano Srecko Mitrovic surpreende a defesa bucurestina e empata. Na comemoração, tira a camisa, pula pras gerais e, na volta ao campo, leva o último galbene do jogo.



Balanço: Tanto a Poli quando o Steaua mantêm suas posições, mas deixam o Dínamo abrir uma distância de nove puncte pro segundo lugar. Onut e Coman foram julgados pelo comitê disciplinar da Liga 1, novidade importada do ocidente e lamentada pelos torcedores em geral, e pegaram 2 e 3 jogos de suspensão, respectivamente. Além disso, 3 jucatores do Steaua se machucaram: Mihai Nesu está com o joelho esquerdo lesionado; Valentin Badea, o direito; e Stelian Stancu deslocou o ombro direito, todos em belas jogadas desleais da Poli. A comissão técnica torce pra que se recuperem até o confronto com o Cluj, dia 13, inimigo direto na luta pela consolidação do segundo lugar.

joi, octombrie 05, 2006

PETROLUL PLOIESTI: vida longa à raposa amarela!


Depois de fazermos um panorama da Liga I e relatarmos a atual situação do romenão, nada mais justo que voltemos nossos olhos para a Divizia B, evento via de regra ignorado de modo cruel pela mídia esportiva internacional, que dirá então pelos pelegos que constituem a imprensa esportiva da província. Nem deveria nos surpreender, na verdade: para quem não transmite os jogos do Steaua na Liga dos Campeões e comete o descalabro de ignorar completamente a campanha magnífica do Dinamo Bucuresti, a omissão sobre a divisão de acesso é no mínimo esperada. Mas, se eles tiram o pé na hora da dividida, o Bola Romena vai firme na canela – e podem ter certeza que periodicamente traremos atrações da Divizia B aqui nesse portal. Comecemos, pois, com um breve resgate da situação do Petrolul Ploiesti, uma história de superação que se desenvolve aos poucos e que merece a nossa atenção.



Um dos maiores clubes da Romênia no período pré-Segunda Guerra Mundial, o clube nasceu em Bucuresti em 1924, usando o nome Juventus Bucuresti. Nascido da junção do Triunf e do Romcovit, o jovem clube conquistaria em 1930s eu primeiro título nacional, ainda sobre o nome Juventus. Esse título, no entanto, sempre esteve em controvérsia, e muitos hoje não reconhecem esse campeonato. Mudou-se para a cidade de Ploiesti em 1952, fundiu-se ao Partinazul e assumiu o nome de Flacara Ploiesti. Somente em 1957 o clube assumiria o Petrolul Ploiesti, e essa mudança de nome deu sorte à agremiação, com a conquista imediata de dois campeonatos romenos seguidos (1957-1958 e 1958-1959), além de um novo título em 1965-1966 e participações sempre destacadas na Divizia A.

Com o tempo, infelizmente, veio a decadência, e a ‘raposa amarela’ já há tempos encontra-se afundada em confusões e reviravoltas. Em 2003, a fusão com o Astra Ploiesti criou muita confusão, e gerou uma situação inaceitável, com dois Petrolul existindo simultaneamente. Na verdade, acusa-se o Astra de ter simplesmente adquirido os direitos de uso do nome Petrolul, o que criou um grande problema legal, posto que ambos os clubes (o original e o ‘novo’) disputavam a segunda divisão romena, e evidentemente não pode haver dois clubes idênticos disputando a mesma competição. Assim, o Petrolul ‘real’ foi forçado a cair voluntariamente para a quarta divisão, de modo que seu negócio com o Astra não fosse anulado, e dois Petrolul existiram simultaneamente por um tempo considerável. Em 2005, a Rompetrol (empresa de combustíveis proprietária do nome Petrolul e do patrimônio do clube) resolveu pôr ordem na casa, e o ‘impostor’ voltou a usar o nome Astra Ploiesti. Na atual temporada, tudo finalmente entrou nos eixos, e temos enfim um único Petrolul Ploiesti, para a alegria de sua fiel e um tanto confusa torcida, que devia sofrer o diabo com toda essa situação.

Atualmente, o Petrolul está na terceira posição da Liga II, com 16 ‘puncti’ em 9 jogos, perdendo para o Delta Tulcea no saldo de gols. O Forex lidera a competição com 21 pontos. Como são quatro clubes que ascendem à Divizia A na temporada 2007-2008, são muito boas as chances de finalmente o combalido Petrolul voltar ao convívio dos grandes, disputando com galhardia a Liga I. Mesmo temporariamente sediado em Mogosoaia, devido a reformas no Ilie Oana, a torcida está empolgada, e o Bola Romena fica na sincera torcida pela volta por cima da ‘raposa amarela’, para alegria de todos os apreciadores do futebol romeno.

miercuri, octombrie 04, 2006

Destaques da Décima Etapa

Seria um desatino não escolher o imbatível Dínamo Bucuresti como destaque da décima etapa da Liga 1, patrocinada por Burger, as delícias do ocidente no leste europeu. Dez meciuri, dez victorii, 30 puncte, 100% de aproveitamento. Com o segundo melhor ataque com 22 goluri (perde por um para o Cluj) e a segunda melhor defesa ( levou apenas 6, um a mais que o Steaua), o Dínamo tem o melhor golaveraj e ainda o golgheteri, o arisco Ionel Ganea. Mas dentro do Dínamo, e nesta rodada específica, há um jucator que se destaca, um grande nome que ainda não tinha mostrado ao que veio na România e finalmente desencantou: o angolano Zé Kalanga.

O mijlocas Paulo Batista Nsimba nasceu em 1983 em Luanda, e iniciou sua carreira nas divisões de base do principal time de seu país, o Atlético Petróleos Luanda. A base do clube era também a base da seleção angolana, com Lebo Lebo, Lamá, Delgado e o próprio Zé Kalanga, melhor jogador angolano de 2005. Depois da victoriosa participação na Copa da Alemanha, as principais características do jogador (movimentação em zigue-zague, chute de canhota em canelas e boas caídas no gramado) chamaram a atenção da direção do Dínamo, que apostou no futebol alegre do africano.

Entretanto, somente neste domingo a torcida totul-ros de Bucuresti se rendeu aos encantos de Zé Kalanga. Depois de levar um goluri aos 4 minutos, parecia que o Dinamo perderia o selinho para o tambem bucurestino Rapid, oitavo colocado. A apatia do primeiro tempo sumiu, e a echipa voltou motivada do vestiário. Depois de acertar dois chutes na trave, Kalanga deu o passe para o empate nos pés do goleador Ganea, aos 15 do segundo tempo. Dez minutos depois, Zé fez o seu, para o delírio da torcida. Mais sete minutos e Claudiu Niculescu ampliou, Dínamo 3 a 1, mas nessa altura a o nome Zé Kalanga já ecoava no estádio da Calea Floreasca 18-20, sector 2.

Aposta para a próxima rodada: Fiquem atentos para o Otelul Galati. Depois de iniciar a Liga 1 com 3 derrotas, ganhou sete meciuri seguidos, soma 21 puncte, empatado em segundo lugar com o Steaua, e promete ser uma dor de cabeça para os grandes romenos. Dia 14 de outubro o Otelul joga contra o FC Vaslui, no estádio municipal de Vaslui, às 17h, horário de Bucuresti.

marți, octombrie 03, 2006

Campeonato Romeno 2006/2007 - cheio de emoções

Para quem está ainda se iniciando nos meandros do 'fotbal româniei',
colocamos aqui um breve resumo da atual situação do campeonato romeno, temporada 2006/2007.

Com dez rodadas transcorridas, o Dinamo Bucuresti é o líder na
'clasamentul', com impressionantes dez vitórias e 30 pontos - um
aproveitamento de 100%. Seja dentro ou fora de casa, o time do
'antrenor' Mircea Rednic passa sem dó sobre quem quer que cruze seu
caminho, e conta com um time de craques - entre outros, o plantel
conta com o 'fundas' Cristian Pulhac, o 'miljocas' sérvio Sreten
Stanic e os 'atacanti' Claudiu Niculescu e Ionel Ganea (foto), artilheiro do
certame com 8 'golgheteri'. Em segundo vem o Steaua Bucuresti, com 21
'puncte'. Atualmente envolvidos com a Liga dos Campeões, os
'militarii' fazem campanha sólida, com seis vitórias e apenas uma
derrota, mas acabam longe da liderança graças à campanha até o momento incrível de seu co-irmão. A grande força dos rubro-azuis está no
ataque forte de Nicolae Dica e Daniel Oprita, que juntos já mandaram
12 buchas contra os pobres adversários. Fechando o bloco dos líderes
temos o Otelul Galati (igualmente com 21 'puncti', mas com duas
derrotas a mais que o Steaua) e o CFR Cluj, com 20.



No bloco intermediário, destaca-se negativamente o UTA Arad, treinado
pelo ex-craque Lacatus e que depois de um bom começo na competição
começou a empilhar maus resultados, tendo inclusive perdido quatro dos
últimos cinco cotejos que disputou. Os torcedores da 'velha senhora'
têm, portanto, motivos para se preocupar com a campanha hesitante do
clube. Algo semelhante se dá com o Politehnica Iasi (ou Poli, para os
íntimos), que chegou a ser vice-líder e agora amarga a sétima
colocação, amaldiçoado por uma maré de empates - quatro nas últimas
cinco 'meciuri' que disputou.

Já na zona da morte, quatro clubes serão rebaixados para a segunda
divisão em 2007/2008. Nesse momento, a situação mais dramática entre
todos os 18 clubes é a do FC Arges, que soma pífios 3 pontos até o
presente momento. Depois de vencer na rodada inicial o pouco confiável
Jiul Petrosani, a águia de uniforme roxo e branco sofreu
desestabilizadoras nove derrotas consecutivas, tendo marcado apenas
seis gols até o momento.

Segue abaixo a atual tabela de classificação do campeonato romeno
2006/2007:

(v-e-d-gp-gc-pt)
1 Dinamo Bucuresti 10-0-0 -22-6-30
2 Steaua Bucuresti 6-3-1-17-5-21
3 Otelul Galati 7-0-3-17-11-21
4 CFR Cluj 6-2-2-23-11-20
5 Poli Timisoara 5-3-2-10-6-18
6 Gloria Bistrita 5-1-4-14-7-16
7 Politehnica Iasi 4-4-2-13-11-16
8 Rapid Bucuresti 4-4-2-12-10-16
9 Farul Constanta 4-2-4-13-12-14
10 UTA Arad 4-1-5-10-12-13
11 Ceahlaul Piatra Neamt 4-1-5-8-12-13
12 Unirea Urziceni 4-0-6-9-12-12
13 Pandurii Tg Jiu 3-1-6-7-13-10
14 Universitatea Craiova 2-3-5-11-24-9
15 FC National 2-2-6 -8-14-8
16 Jiul Petrosani 1-4-5-5-10-7
17 FC Vaslui 1-3-6-9-21-6
18 FC Arges 1-0-9-6-17-3

A 11ª rodada do romenão será disputada em 14 de outubro e terá os
seguintes jogos:

Poli Timisoara x NationalUniversitatea
Cravoia x Ceahlaul Piatra Neamt
UTA Arad x Unirea Urziceni
Jiul Petrosani x Pandurii Tg Jiu
Steaua Bucuresti x CFR Cluj
Vaslui x Otelul Galati
Dinamo Bucuresti x Farul Constanta
Rapid Bucuresti x Gloria Bistrita
FC Arges x Politehnica Iasi

luni, octombrie 02, 2006

STEAUA BUCURESTI 0 X 3 Olympique Lyon (Liga dos Campeões, 26/09/2006)

Tirado do grande portal Carta Na Manga, que gentilmente serviu de espaço para os primeiros passos do Bola Romena e que pode ser acessado pelos link aí do lado. Saudações ao grande portal, um bastião da informação futebolística de qualidade nessa terra de ninguém que é a Internet.


STEAUA 0 X 3 LYON. Pois é. Um grande público compareceu ao Ghencea nessa noite de céu claro e temperatura amena para assistir esse clássico do futebol europeu. Nos primeiros 30 mins, um tenso equilíbrio, com algumas avançadas perigosas do Lyon sendo detidas pelos competentes ‘fundas’ da equipe romena. Fora uma falta desperdiçada por Lovin aos 27 mins, os ‘militarii’ pouco faziam em termos de iniciativa ofensiva. O Lyon seguia insinuante, até que aos 43 mins Fred abre o placar para os franceses, após lamentável falha do geralmente seguro ‘portar’ Fernandes . Consternação entre os ‘suporter’ do rubro-azul. A bronca do ‘antrenor’ Cosmin Olariou deve ter sido forte no intervalo, pois os ‘militarii’ voltaram com novo ânimo, empolgando sua sempre fiel e dedicada torcida. Aos 55mins, Borstina sai para a entrada do movediço Oprita, mas a substituição não surte o efeito desejado: mal o ‘atacant’ entrou em campo, Tiago marca de cabeça os 2 a 0 para o Lyon. O ‘miljocas’ Paraschiv deixa o campo aos 57min para a entrada de O.Petre, e a essa altura o Ghencea é silencioso como um túmulo transilvaniano. Aos 68, Oprita leva ‘cartona galbene’ após entrada dura em Toulalan, e alguns torcedores menos confiantes começam a se retirar do estádio. O Steaua tentava reagir, mas parecia não ser a noite dos romenos, e seus arremates acabavam sempre longe da goleira francesa.Aos 89, a pá de cal: Benzema marca, sacramentando o 3 a 0 para o Lyon e enchendo de lágrimas os olhos da triste torcida romena. Uma noite infeliz, sin duda.

Um resultado difícil, é claro: mas esse entusiasmado defensor do Steaua que vos fala tem a convicção de que foi uma escorregadela momentânea, e basta vencer o Real Madrid para estarmos de novo na luta. Fortza Steaua!

duminică, octombrie 01, 2006

O melhor futebol do mundo

Qualquer um com o mínimo de conhecimento futebolístico sabe: o futebol romeno é o mais disputado, competitivo e emocionante do mundo. Quem ainda não vibrou com os clássicos de Bucuresti, com as pelejas renhidas dos clubes do interior do país e com as atuações sempre empolgantes da seleção nacional ainda não conhece muito do que de melhor o futebol mundial pode oferecer. Quem paga pay per view para assistir o Barcelona é porque nunca assistiu o Politehnica Iasi ou o Ceahlaul Piatra-Neamt. Quem acha que Ronaldinho é craque é porque nunca viu Oprita metendo buchas e buchas pelo glorioso Steaua Bucuresti. Quem acha que Wanderley Luxemburgo é um baita técnico é porque nunca teve na casamata um Marius Lacatus, o Renato Portaluppi romeno. E quem sente saudades de Dinho, o cangaceiro da Libertadores, ficaria feliz de conhecer Andrei Prepelita, o esquartejador do FC Arges. E, constatando que não existia nenhum site em português dedicado a esse maravilhoso espaço do mais puro futebol, decidimos que seria o caso de corrigirmos essa falta, oferecendo ao público que de fato ama o 'fotbal' a oportunidade de ter informações sempre atualizadas e opiniões sólidas a respeito da Liga Romena e das aparições de clubes romenos em competições internacionais - sem esquecer da gloriosa seleção romena, evidentemente. Seja bem vindo ao Bola Romena, o mais completo portal em português sobre o futebol romeno da Internet. Um verdadeiro 'Siteul Brazilianul de Fotbal României'.