luni, octombrie 15, 2007

Hai, România!

România 1 x 0 Olanda

Ah, o fotbal! O ballet da classe operária, o gracioso bailar dos gramados, o movimento compassado de pernas, braços e correntes. Um universo particular que reproduz à perfeição todas as paixões humanas: a alegria da vitória, a confraternização tribal, a luta pela sobrevivência, a dor e a morte, o prazer de superar adversários e pendurar suas orelhas em volta do pescoço como troféu.

O fotbal também é uma forma de afirmação de nações. E a România, depois do apogeu comunista e do inverno capitalista que se seguiu, enfim se reergue. Esta terra que se renova, graças a empreendores modernos e arrojados como Gigi Becali (à dir.), gente que não teme movimentos financeiros ousados, investimentos não-ortodoxos ou mesmo sujar as próprias mãos de sangue, enfim retornará à elite do futebol europeu. Depois de faltar às Copas do Mundo de 2002 e 2006, e à Eurocopa de 2004, tudo indica que o mundo poderá novamente se deliciar com esta sensacional seleção na Eurocopa, um ano após seu ingresso na UE.

Essa convicção inabalável aqui por parte da redação do BolaRomena se confirmou no último Sabata, com a vitória do escrete romeno sobre a Olanda, que até então não tinha sido derrotada nas eliminatórias da Eurocopa. Assim, a România é uma das últimas seleções invictas, juntamente com Germania e Croatia, que ainda esperam para perder o selinho. Mas elas terão sua oportunidade, ah, se terão!

"Avante, România!", frase motivacional que substituiu
o antigo "Matem, România!", proibido pela FIFA.
O combate teve como cenário o charmoso burgo de Constanta, onde hordas enfurecidas saquearam o comércio antes do jogo, num ato de total cooperação entre torcedores, polícia e empresários, ávidos por fraudar seus seguros. Depois, todos rumaram ao Stadionul do Farul Constanta, que homenageia, no nome, o craque Gheorghe Hagi. Lá, 13 mil romenos cuspiam e berravam juras de morte aos 300 olandeses desavisados que empreenderam uma viagem sem volta aos balcãs. No campo, o time laranja estava muito saidinho, jogando aberto e com maior posse de bola. Bouma tentou de cabeça e acertou o travessão. Van Nistelrooy chutou cruzado, e Bogdan Lobont fez grande defesa. Pra acabar com essa postura ofensivista, Cristian Chivu e Adrian Cristea, orientados pelo antrenul Victor Piturca, passaram a distribuir pontapés e tostões, dentro do que os padrões UEFA permitem em termos de agressão, é claro.

Na segunda etapa, com a maioria da seleção olandesa já mancando, a partida ficou do jeito que o torcedor romeno gosta: truncada, com poucas oportunidades de gol, mas muitas possibilidades de fraturas cranianas. Aos 22 minutos, Mutu bateu de longe e Stekelenburg desviou por cima do gol. A torcida da casa, postada nas costas do goleiro, passou a ameaçar o arqueiro, que quatro minutos depois, ao defender uma falta, e temendo pela própria vida e pelo sustento de sua mulher e quatro filhas, entregou o rebote para Goian, que marcou o gol da vitória. No último minuto, a Olanda ainda acertou o travessão, para desespero da própria delegação, que só queria voltar rápido e viva para os Países Baixos.

Clique aqui para ver o gol da vitória no YouTube.

Após esta monumental vitória, a România abriu vantagem frente à Olanda, com a qual estava empatada: tem 23 puncti, contra 20. Como fora da România a matemática parece ser uma ciência particularmente apreciada, devemos ressaltar que teoricamente a classificação não está assegurada. São 2 vagas, e a Bulgaria corre por fora, com 18 puncti. Dos 7 participantes do grupo G das eliminatórias, 4 já não tem mais chances: os bundões da Slovenia, Luxemburg, Belarus e Albania. Se na próxima rodada, dia 17 de outubro, a România ganhar do lanterninha Luxemburg, e Olanda ou Bulgaria perderem seus jogos, a classificação já poderá ser comemorada. Caso contrário, fica tudo para a última rodada, marcada para novembro, em que os romenos enfrentarão seus tradicionais adversários locais, os búlgaros.

EM TEMPO: A Bulgária, que acha que briga por uma vaga com a România, mostra espírito esportivo: um jornal búlgaro acusou, hoje, a Olanda de fazer blat (prática que já ganhou um post excelênte de Natusch), para favorecer a classificação romena juntamente com a dos próprios Países Baixos. Usam como argumento a declaração de Adrian Mutu, chamado pelo veículo 7 zile sport de cocainômalo, de que preferia a classificação olandesa à búlgara, por serem aqueles mai civilizati. A provocação é encarada pelo público romeno como "um simpático gracejo". Mutu, por sua vez, disse que "os búlgaros nunca foram muito bons com ironias", e prometeu mostrar em campo quem é mais "civilizado".

3 comentarii:

Anonim spunea...

Sem dúvida, uma lindíssima partida, repleta de tudo que de mais glorioso a Romênia oferece ao fotbal mondiala. Testemunhar a empolgação da torcida e a sanha assassina do jucatori romenos é sempre comovente - nem se compara a outros jogos mais cotados internacionalmente que só provocam bocejos, tipo Brasil x Colômbia.

No mais, bem vindo de volta, nobre Allgayer. As tiradas espirituosas do amigo estavam fazendo muita falta por aqui =)

Frederick Martins spunea...

O problema todo da Holanda, a meu ver, foi a altitude. Pra quem está acostumada a jogar em lugares abaixo do nível do mar, esse deve ser um problema constante. Não desmerecendo a vitória da Romênia que, ainda acredito, vai pra uma semifinal de Copa do Mundo, depois da eliminação injusta em 1994.

No mais, eu tenho uma pergunta: há planos para uma ambiciosa Copa dos Bálcãs, entre Romênia, Bulgária, Grécia, Macedônia, Albânia, Croácia, Sérvia e Turquia, em comemoração às guerras balcânicas que precederam a Primeira Grande Guerra? Até porque, sabemos, esses eventos estão próximos de completarem 100 anos, mas soube que Áustria e Hungria estariam tentando boicotar o projeto, e estariam induzido Turquia e Bósnia-Herzegovina a fazerem o mesmo.

Vicente Fonseca spunea...

Vi o finzinho do jogo. Quando aquela bola inacreditável na Holanda pegou na trave, só podia mesmo esperar um post em chamas do Bola Romena.

É bom ter vocês de volta!

PS: Blat? Esse é um hábito que já foi tarde! Aprendam a perder, búlgaros!