Pois é, ficamos até sem saber direito como iniciar o post diante de tais circunstâncias. A echipa nationala, que já havia passado por considerável constrangimento com a eliminação pusilânime na Euro 2008, resolveu dar início a sua jornada rumo à Copa do Mundo 2010 da pior maneira possível: tomando uma goleada, em casa, diante da modestíssima Lituânia, pais sem a menor tradição no futebol europeu. Foi uma jornada tão constrangedora que a vontade que temos é simplesmente ignorar o acontecido - mas isso seria quase tão desonroso quanto o papelão em Cluj-Napoca, de modo que encher-nos-emos de coragem para relatar em detalhes essa estréia desastrosa da Romênia nas preliminarii da Cupa Mondiala 2010.
Na verdade, era para ter sido um dia de festa. Depois de 85 anos, Cluj-Napoca voltava a sediar um jogo da seleção nacional, e o Stadion Dr. Constantin Rădulescu estava lotado de alegres suporteri, prontos para testemunharem o que deveria ser o início de uma bela jornada rumo à África do Sul. No entanto, havia uma má disfarçada preocupação no ar, devido ao alto número de desfalques do lado romanesc - estavam fora do jogo, pelos mais variados motivos, nada menos que Adrian Mutu, Răzvan Raţ, Cristian Chivu e Bănel Nicoliţă. Ou seja, uma parte muito significativa do talento e da impetuosidade dos tricolorii estava alijada da disputa, o que podia ser encarado como no mínimo um prenúncio de coisas não muito boas. Outros, mais superticiosos, lembravam que o único jogo oficial da seleção romena em Cluj-Napoca, ocorrido em 1923, havia sido uma terrível infrangeri de 6 a 0 contra a então Tchecoslováquia. Para eles, retornar ao campo amaldiçoado depois de tanto tempo poderia ser uma temeridade. Mas, fosse como fosse, certa dificuldade na estréia era até esperada - o que ninguém previa era a dimensão do drama que se desenrolou nos 90 minutos de meci.
Desde o apito inicial, a echipa romena se mostrou uma maçaroca tática, um amontoado de jucatori sem maior consciência de suas funções em campo. Ninguém marcava ninguém, nenhum jogador articulava coisa alguma, nenhum atleta chegava rasgando na canela de quem quer que fosse... Os suporteri, que de início faziam seu espetáculo colorido e barulhento com a emolgação habitual, começaram a perceber que a batalha não estava para carnificina e aos poucos um silêncio incômodo e preocupado foi tomando conta do Constantin Rădulescu. Os lituanos, que não têm nada com isso, foram se assanhando, e começaram a criar situações perigosas contra o gol de Lobont. Aos nove minutos, os visitantes já tinham perdido uma oportunidade incrível quando Cesnauskis ficou na cara do gol, mas preferiu chutar um besouro inconveniente que voejava por ali, deixando a bola passar e perdendo uma chance inacreditável de gol. Outras chances se desenhavam, até que aos 31mins Stankevicius acertou uma bucha impressionante, chutando da intermediária uma bola totalmente indefensável. Era o 1 a 0 para a Lituânia, e se a Romênia queria coisas melhores no meci uma reação anímica e técnica era urgente, antes que a coisa degringolasse de vez.
Mas a reação não veio. Aliás, muito pelo contrário: a Lituânia continuou em cima, e os romenos continuaram correndo em campo como baratas tontas, fugindo das chineladas viris dos gladiadores do Mar Báltico. O endiabrado Stankevicius ainda teve outra chance claríssima, que só não resultou em gol graças a defesa heróica de Lobont. Aos 45mins, a Romênia finalmente teve chance de gol, com uma cobrança de falta de Dică que explodiu no travessão. Um lance que, por se dar bem ao final da primeira etapa, poderia ter dado certo alento aos jucatori e suporteri - mas infelizmente não foi bem o que se viu.
No início da segunda etapa, o antrenor Victor Piturca tentou reanimar a echipa, colocando Marius Niculae no lugar do fundas Stefan Radu em busca de um pouco mais de volúpia ofensiva. Deu totalmente errado: além de não ter se animado na frente, a echipa ficou ainda mais vulnerável às investidas dos ousados atacantes lituanos. De certo modo, o segundo gol da Lituânia ter saido apenas aos 25mins da etapa final foi uma surpresa, pois a apatia romena era tamanha que em momento algum se podia esperar seriamente por um empate, pelo contrário. Seja como for, em uma rápida triangulação de ataque, a bola sobrou para Mikoliunas desferir um chute tão forte que o bravo portar romeno nem viu a cor da bola - na verdade, ao invés de tentar defender, mais parecia que Lobont estava tentando defender-se do chute, tão violento foi o arremesso do atacant da Lituânia. A essa altura, cientes de que a Maldição de Cluj-Napoca já tinha se concretizado da pior maneira, os suporteri romenos começaram a abandonar de modo nem um pouco pacífico e ordeiro as dependências do Constantin Rădulescu - em uma retirada que quase se tornou êxodo quando Kalonas desferiu o golpe de misericórdia, confirmando o 3 a 0 e uma das derrotas mais vexatórias dos tricolorii nos últimos anos.
O futuro da echipa nationala depois de semelhante fiasco é, compreensivelmente, incerto. O que praticamente todos os analistas são unânimes em apontar é que a situação de Victor Piturca, já bastante abalada pela eliminação deprimente da Euro 2008, ficou virtualmente insustentável. Muitos esperavam a queda do antrenor e de sua comissão técnica já logo após a partida em Cluj-Napoca; no entanto, Piturca foi confirmado no comando para a partida contra as Ilhas Faroe, que ocorrerá no próximo miercuri em Tórshavn, capital da província dinamarquesa. De qualquer modo, isso longe está de ser uma demonstração de prestígio do treinador: na verdade, é mais fácil mantê-lo no comando contra a fragilíssima seleção das Ilhas Faroe do que trocá-lo agora e colocar alguém com apenas um ou dois dias para trabalhar. Vencer a partida longe está de dar qualquer tipo de respaldo ao treinador, posto que a província ultramarina em questão tem tanta tradição no fotbal quanto os brazilianul devem ter na pelota basca - e perder a partida, mesmo fora de casa, é uma tragédia tão extravagante que nem o mais pessimista romanesc pode sequer ousar cogitar. Na verdade, uma egalur que fosse já será péssima, de modo que ou Piturca dá um jeito de arrumar a bagunça e vencer ou estará fora do comando - provavelmente vá sair de qualquer jeito, mas enfim. De qualquer modo, esperamos ter coisas melhores para contar sobre os tricolorii no final da semana, quando publicaremos a resenha de mais essa partida. Aguardemos, então.
Romania 0x3 Lituania
Stadion Dr. Constantin Rădulescu, Cluj-Napoca - 20.000 spectatori
Goluri: Marius Stankevicius (31), Saulius Mikouliunas (70), Mindaugas Kalonas (87).
Romania: Bogdan Lobonţ; Cristian Săpunaru, Gabriel Tamaş, Dorin Goian, Ştefan Radu (Marius Niculae, 46) - Mirel Rădoi (Costin Lazăr, 72), Cosmin Contra, Nicolae Dică, Răzvan Cociş; Ciprian Marica (Florin Bratu, 53), Daniel Niculae. Antrenor: Victor Piturca.
Lituania: Žydrunas Karcermaskas; Marius Stankievicius, Irmantas Zelmikas, Ignas Dedura, Arunas Klimavicius; Deividas Cesnauskis, Linas Pilibaitis (Mantas Savenas, 74), Deividas Semberas, Saulius Mikouliunas (Edgaras Cesnauskis, 80); Audrius Ksanivicius (Mindaugas Kalonas, 62), Tomas Danilievicius. Antrenor: Jose Couceiro.
Cartonaşe galbene: Romania - Goian (37), Contra (60), M. Niculae (69); Lituania - Cesnauskis (27), Mikouliunas (43), Zelmikas (48), Kalonas (87).
Na verdade, era para ter sido um dia de festa. Depois de 85 anos, Cluj-Napoca voltava a sediar um jogo da seleção nacional, e o Stadion Dr. Constantin Rădulescu estava lotado de alegres suporteri, prontos para testemunharem o que deveria ser o início de uma bela jornada rumo à África do Sul. No entanto, havia uma má disfarçada preocupação no ar, devido ao alto número de desfalques do lado romanesc - estavam fora do jogo, pelos mais variados motivos, nada menos que Adrian Mutu, Răzvan Raţ, Cristian Chivu e Bănel Nicoliţă. Ou seja, uma parte muito significativa do talento e da impetuosidade dos tricolorii estava alijada da disputa, o que podia ser encarado como no mínimo um prenúncio de coisas não muito boas. Outros, mais superticiosos, lembravam que o único jogo oficial da seleção romena em Cluj-Napoca, ocorrido em 1923, havia sido uma terrível infrangeri de 6 a 0 contra a então Tchecoslováquia. Para eles, retornar ao campo amaldiçoado depois de tanto tempo poderia ser uma temeridade. Mas, fosse como fosse, certa dificuldade na estréia era até esperada - o que ninguém previa era a dimensão do drama que se desenrolou nos 90 minutos de meci.
Desde o apito inicial, a echipa romena se mostrou uma maçaroca tática, um amontoado de jucatori sem maior consciência de suas funções em campo. Ninguém marcava ninguém, nenhum jogador articulava coisa alguma, nenhum atleta chegava rasgando na canela de quem quer que fosse... Os suporteri, que de início faziam seu espetáculo colorido e barulhento com a emolgação habitual, começaram a perceber que a batalha não estava para carnificina e aos poucos um silêncio incômodo e preocupado foi tomando conta do Constantin Rădulescu. Os lituanos, que não têm nada com isso, foram se assanhando, e começaram a criar situações perigosas contra o gol de Lobont. Aos nove minutos, os visitantes já tinham perdido uma oportunidade incrível quando Cesnauskis ficou na cara do gol, mas preferiu chutar um besouro inconveniente que voejava por ali, deixando a bola passar e perdendo uma chance inacreditável de gol. Outras chances se desenhavam, até que aos 31mins Stankevicius acertou uma bucha impressionante, chutando da intermediária uma bola totalmente indefensável. Era o 1 a 0 para a Lituânia, e se a Romênia queria coisas melhores no meci uma reação anímica e técnica era urgente, antes que a coisa degringolasse de vez.
Mas a reação não veio. Aliás, muito pelo contrário: a Lituânia continuou em cima, e os romenos continuaram correndo em campo como baratas tontas, fugindo das chineladas viris dos gladiadores do Mar Báltico. O endiabrado Stankevicius ainda teve outra chance claríssima, que só não resultou em gol graças a defesa heróica de Lobont. Aos 45mins, a Romênia finalmente teve chance de gol, com uma cobrança de falta de Dică que explodiu no travessão. Um lance que, por se dar bem ao final da primeira etapa, poderia ter dado certo alento aos jucatori e suporteri - mas infelizmente não foi bem o que se viu.
No início da segunda etapa, o antrenor Victor Piturca tentou reanimar a echipa, colocando Marius Niculae no lugar do fundas Stefan Radu em busca de um pouco mais de volúpia ofensiva. Deu totalmente errado: além de não ter se animado na frente, a echipa ficou ainda mais vulnerável às investidas dos ousados atacantes lituanos. De certo modo, o segundo gol da Lituânia ter saido apenas aos 25mins da etapa final foi uma surpresa, pois a apatia romena era tamanha que em momento algum se podia esperar seriamente por um empate, pelo contrário. Seja como for, em uma rápida triangulação de ataque, a bola sobrou para Mikoliunas desferir um chute tão forte que o bravo portar romeno nem viu a cor da bola - na verdade, ao invés de tentar defender, mais parecia que Lobont estava tentando defender-se do chute, tão violento foi o arremesso do atacant da Lituânia. A essa altura, cientes de que a Maldição de Cluj-Napoca já tinha se concretizado da pior maneira, os suporteri romenos começaram a abandonar de modo nem um pouco pacífico e ordeiro as dependências do Constantin Rădulescu - em uma retirada que quase se tornou êxodo quando Kalonas desferiu o golpe de misericórdia, confirmando o 3 a 0 e uma das derrotas mais vexatórias dos tricolorii nos últimos anos.
O futuro da echipa nationala depois de semelhante fiasco é, compreensivelmente, incerto. O que praticamente todos os analistas são unânimes em apontar é que a situação de Victor Piturca, já bastante abalada pela eliminação deprimente da Euro 2008, ficou virtualmente insustentável. Muitos esperavam a queda do antrenor e de sua comissão técnica já logo após a partida em Cluj-Napoca; no entanto, Piturca foi confirmado no comando para a partida contra as Ilhas Faroe, que ocorrerá no próximo miercuri em Tórshavn, capital da província dinamarquesa. De qualquer modo, isso longe está de ser uma demonstração de prestígio do treinador: na verdade, é mais fácil mantê-lo no comando contra a fragilíssima seleção das Ilhas Faroe do que trocá-lo agora e colocar alguém com apenas um ou dois dias para trabalhar. Vencer a partida longe está de dar qualquer tipo de respaldo ao treinador, posto que a província ultramarina em questão tem tanta tradição no fotbal quanto os brazilianul devem ter na pelota basca - e perder a partida, mesmo fora de casa, é uma tragédia tão extravagante que nem o mais pessimista romanesc pode sequer ousar cogitar. Na verdade, uma egalur que fosse já será péssima, de modo que ou Piturca dá um jeito de arrumar a bagunça e vencer ou estará fora do comando - provavelmente vá sair de qualquer jeito, mas enfim. De qualquer modo, esperamos ter coisas melhores para contar sobre os tricolorii no final da semana, quando publicaremos a resenha de mais essa partida. Aguardemos, então.
Romania 0x3 Lituania
Stadion Dr. Constantin Rădulescu, Cluj-Napoca - 20.000 spectatori
Goluri: Marius Stankevicius (31), Saulius Mikouliunas (70), Mindaugas Kalonas (87).
Romania: Bogdan Lobonţ; Cristian Săpunaru, Gabriel Tamaş, Dorin Goian, Ştefan Radu (Marius Niculae, 46) - Mirel Rădoi (Costin Lazăr, 72), Cosmin Contra, Nicolae Dică, Răzvan Cociş; Ciprian Marica (Florin Bratu, 53), Daniel Niculae. Antrenor: Victor Piturca.
Lituania: Žydrunas Karcermaskas; Marius Stankievicius, Irmantas Zelmikas, Ignas Dedura, Arunas Klimavicius; Deividas Cesnauskis, Linas Pilibaitis (Mantas Savenas, 74), Deividas Semberas, Saulius Mikouliunas (Edgaras Cesnauskis, 80); Audrius Ksanivicius (Mindaugas Kalonas, 62), Tomas Danilievicius. Antrenor: Jose Couceiro.
Cartonaşe galbene: Romania - Goian (37), Contra (60), M. Niculae (69); Lituania - Cesnauskis (27), Mikouliunas (43), Zelmikas (48), Kalonas (87).
Fotos: RomanianSoccer.ro e ProSport.ro
Un comentariu:
Realmente Natusch... desse jeito não tem condição de manter a fleuma latina-oriental. Não dá nem mesmo para reclamar de qualquer desfalque ou problema relacionado a entrosamento. Apenas o fato de ser a volta das férias poderia servir para amenizar o vexame tricolor. Serviria, porque os lituanos também retornavam do descanso estival. Sigo na torcida, a Romênia precisa estar na África em 2010. Até porque, desde 1994, Copa do Mundo não é a mesma sem os Tricolorii. Grande abraço.
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