duminică, octombrie 29, 2006

STEAUA 1986: um título para não esquecer

A história que narraremos a partir de agora para os leitores fiéis do Bola Romena não é uma história qualquer. Trata-se, simplesmente, da maior façanha do Fotbal României em todos os tempos, um triunfo que enche de lágrimas orgulhosas os olhos de todos que amam o esporte romeno: a conquista da Copa dos Campeões da Europa em 1986 pelo nobre Steaua Bucuresti. Uma história de sangue, luta incessante e de um herói trágico entre muitos heróis: o grande ‘portar’ Helmuth Duckadam.

Na temporada 1985-1986, o Steaua conseguiu finalmente conquistar a Liga 1 depois de seis anos de jejum. Guiado pelos competentes ‘antrenori’ Emerich Jenei e Anghel Iordanescu, os ‘militarii’ construíram campanha sólida, e conquistaram o caneco sem maiores sobressaltos. Boa parte do sucesso deve ser atribuída ao forte plantel do qual dispunha o clube na época. Tendo como capitão o viril Stefan Iovan (foto), o Steaua Bucuresti da época tinha também em seu plantel nomes emblemáticos como os ‘fundas’ Adrian Bumbescu e Miodrag Belodedici, os ‘miljocas’ Mihail Majearu e Gavril Balint e os ‘atacant’ Victor Piturca e Marius Lacatus. Para se ter uma idéia, o grande Iordanescu era reserva nesse timaço. No entanto, mesmo com o forte grupo de ‘jucatori’ e a bela campanha no romenão, nem o mais otimista dos torcedores bucurestinos, estava preparado para a série arrasadora de resultados que o clube construiria a seguir.

Na época, o campeonato era disputado num estilo Copa do Mundo: dois clubes se enfrentando em ida e volta, com o de melhor desempenho seguindo em frente na competição. A primeira fase da Copa dos Campeões daquele ano apresentou como adversário aos ‘Ros-Albaştrii’ os dinamarqueses Vejle Bold Klub, que na época contavam com o astro Alan Simonsen, recém regresso do Barcelona. No primeiro jogo, 1 a 1; na volta, um Ghencea lotado testemunhou retumbantes 4 a 1 para os ‘militarii’ e o sinal evidente de que aquela ‘echipa’ romena não estava para brincadeiras.

No próximo confronto, contra os búlgaros do Honved, um tropeço inicial: derrota por 1 a 0 e considerável apreensão na Romênia, apesar do bom jogo apresentado pelos ‘militarii’. Na volta, porém, fez-se justiça: outra goleada de 4 a 1, enchendo de alegria e vandalismo as ruas de Bucuresti.

Nas quartas de final, um confronto de surpresas: o próprio Steaua e o Kuusysi Lahti, time finlandês que já tinha virado o xodó da competição graças a sua campanha excepcional. No primeiro jogo, um preocupante 0 a 0 em pleno Ghencea, e o temor de parte da crítica especializada e da torcida bucurestina. No jogo de volta, o Lahti Stadium lotado parecia pronto para saudar a vitória dos descendentes de Vikings, e a pressão inicial do Kuusysi parecia evidenciar mais ainda o difícil momento. Mas os guerreiros romenos, sedentos de sangue, pouco cartaz deram para os loirinhos, e ganharam o jogo com um apertado mas eficiente 1 a 0.

A semifinal, contra os belgas do Andrelecht, começou difícil: um apertado 1 a 0 para os belgas, gol assinalado aos 75 minutos em uma partida na qual o Steaua foi superior a maior parte do tempo. A partida de volta, porém, é tida por alguns como a melhor performance do Steaua em todos os tempos, assinalando portentosos 3 a 0 em um Ghencea lotado com mais de 30 mil torcedores e assegurando a quase inacreditável vaga na finalíssima, contra os espanhóis do Barcelona.



(da esq. para a dir.: DE PÉ: Bölöni, Belodedici, Iovan, Piţurcă, Bumbescu e Duckadam. AGACHADOS: Majearu, Lăcătuş, Bălan, Balint e Bărbulescu)

Praticamente todos os torcedores e críticos esportivos romenos são unânimes em afirmar que não esperavam grande coisa da noite de 07 de maio de 1986, no estádio Ramon Sanchez Pizjuan, em Sevilha (ESP). Afinal, o Barcelona era o mais rico time do mundo, com um plantel estelar, e quase 75 mil espanhóis superlotavam as arquibancadas na espera de uma conquista consagradora. O simples fato do Steaua Bucuresti estar na final já bastava para a maioria dos romenos, que ficariam contentes se o clube saísse com dignidade e perdesse de pouco golos. Mas não os ‘antrenori’ e ‘jucatori’ do Steaua, que antes do jogo fizeram um pacto e juraram pelo sangue dos ancestrais levarem a taça consigo, custasse o que custasse. Poderia talvez ter sido o furto mais espetacular da história da UEFA, mas ao invés disso foi uma das finais mais extraordinárias que o planeta já viu, e uma conquista das mais sofridas, dramáticas e comoventes.

O Steaua armou um verdadeiro ferrolho, trancando as ações do Barcelona e evitando que os movediços atacantes do clube espanhol tivessem qualquer possibilidade de conclusão. A idéia era não sofrer golos, mesmo que isso limitasse o potencial ofensivo da equipe, e assim foi: nenhuma bucha de lado a lado durante o tempo normal, em um jogo tipicamente romeno, cheio de marcação severa e virilidade. A tensão, quase insuportável, estendeu-se pelos 30 minutos de prorrogação, e tornou-se quase opressiva na hora da cobranças dos pênaltis. Os espanhóis, já sem o rebolado do início do jogo, temiam o pior; os bucurestinos, impressionados com o milagre que se desenhava diante dos olhos, passaram a torcer desesperadamente pela glória antes tida como impossível. Desnecessário dizer que Sevilha inteira era um caldeirão, e que os pênaltis foram um dos eventos mais espetaculares que o futebol mundial jamais viu.

Oitos cobranças foram efetuadas, e apenas duas foram para as redes. Os quatro primeiros arremates (Majearu e Bölöni pelo Steaua, Alexanko e Pedraza pelo Barcelona) foram perdidos: dois defendidos por Urruti, e dois por Helmuth Duckadam. Abaixo, o vídeo mostrando esses arremates, tirado diretamente da TV romena (devido a problemas com o provedor dos vídeos, incluiremos aqui apenas os links para os mesmos):

http://www.youtube.com/watch?v=0LZ69zNoE6M


A seguir, o que se deu foi no mínimo emocionante. Lacatus, em chute violento e alto, quase no meio da meta, finalmente abre o escore das penalidades. A seguir, Duckadam defende o terceiro chute consecutivo, desferido por Pichi Alonso. Gavril Balint converteu também o seu chute, deixando o Barcelona na obrigação de converter os dois próximos e torcer por um erro do Steaua para ser campeão. O Ramon Pizjuan era silencioso como um túmulo nesse momento. Marcos cobra, e Duckadam faz o impensável: defende o quarto pênalti seguido, garantindo o título do Steaua e escrevendo seu nome no livro Guiness e na história do futebol romeno. Era o milagre, o inponderável, o paraíso na Terra: Steaua Bucuresti, campeão da Copa dos Campeões da Europa 1985-1986. Duvido que qualquer apreciador do bom futebol não sinta arrepios ao ver o vídeo das últimas quatro cobranças, disponível abaixo.

http://www.youtube.com/watch?v=97dFDkY5S0I

Cada um dos heróis dessa jornada mágica seguiu rumos diferentes. Lacatus, o grande Fiara (A Besta) do ataque do Steaua, permaneceu no Ros-Albaştrii até 1990, jogando depois pela Fiorentina e pelo Real Oviedo antes de retornar a Bucuresti. Atualmente, é técnico do UTA Arad, nono colocado na Liga 1. Victor Piturca e Stefan Iovan são, respectivamente, ‘antrenor’ e auxiliar técnico da seleção romena, enquanto Gavril Balint é membro da equipe técnica do Poli Timisoara. A história mais trágica e tocante, no entanto, é a do grande ‘portar’ Duckadam. Poucas semanas depois da noite histórica de Sevilha, o atleta começou a se ausentar dos treinos, e a situação degringolou ao ponto do goleiro sumir do futebol por vários anos. Boatos davam conta de que o ditador Nicolae Ceausescu teria se enciumado com a imensa fama do heróico arqueiro, e ordenado cruelmente que as mãos do ‘portar’ fossem mutiladas a marteladas, de modo que ele nunca mais pudesse jogar profissionalmente. No entanto, aos poucos a verdade surgiu: Helmuth Duckadam foi diagnosticado como portador de uma rara disfunção do sistema circulatório, que dificulta a irrigação sanguínea das extremidades do corpo – e que, por isso, tornava o arqueiro incapaz de usar as mãos do modo requerido para um goleiro profissional. Anos depois, em 1989, Duckadam retomou o futebol, e por duas temporadas defendeu o pequeno Vagonul Arad – sem, no entanto, recuperar jamais o desempenho de seus tempos de glória, o que o levou a optar pela aposentadoria. Atualmente, segue carreira política.

O Steaua Bucuresti se manteve bem no restante dos anos 80, e embora tenha perdido no Mundial Interclubes para o River Plate por 1 a 0, venceu a Supercopa européia de 1987 contra o Dinamo Kiev, e chegou perto do título maior da Europa em duas outras oportunidades: 1987-1988, quando foi eliminado nas semifinais pelo Benfica, e em 1988-1989, quando chegou a final e perdeu de 4 a 0 para o Milan. Atualmente, o Steaua Bucuresti disputa essa mesma competição, mas faz campanha pouco animadora, com duas derrotas em casa e míseros 3 ‘puncti’ em 3 ‘etapa’. De qualquer modo, o brilho dessa conquista nunca fenece, e por muito tempo ainda teremos o prazer de rememorar esse momento extraordinário do futebol mais competitivo e impressionante do planeta.

5 comentarii:

Anonim spunea...

Bravo Duckanam! Extraordinari! Formidabli! Impressionante o silêncio dos ibéricos após Lacatus converter o terceiro pênalti e fazer 1 a 0 Steaua.

Natusch spunea...

APARA DUCKADAM!!!!!

Natusch spunea...

Proponho a campanha:
DUCKADAM PRESIDENTE!

Anonim spunea...

Ótimo artigo, concordo que o time de hoje não está nem perto da grande Steaua de 86, mas está melhorando... a vitória por 4x1 fora de casa contra o Dínamo já é um grande feito. Não dá pra ganhar todas, né? Quem sabe no ano que vem a Steaua não passa para as oitavas da CL?

Natusch spunea...

Assim esperamos, caro anônimo. E hoje mesmo o Steaua, embora derrotado por 1 a 0 pelo Real Madrid, apresentou bom futebol e chegou a assustar os espanhóis. Evidentemente não é motivo para soltar rojões e abrir garrafas de Peterlongo, mas é muitíssimo promissor depois de tomar 4 a 1 em casa. Relato completo do match, amanhã, no Bola Romena.

Muito obrigado pelos elogios, e seja sempre bem vindo.