vineri, noiembrie 03, 2006

UEFA Cupei: Dinamo e Rapid

A UEFA, desde sempre, subestima os times romenos, mesmo na Copa homônima, uma espécie de Sul-Americana, a segundona continental, convenhamos. Os times da România classificados para esta competição sequer podem entrar direto na Copa, têm de passar por duas enfadonhas fases preliminares. Dinamo e Rapid Bucureşti, entretanto, não se mixaram, e já estão na segunda fase desta competição, que foi um tanto quanto ignorada aqui no Bola Romena, erro que será remediado com uma retrospectiva, além da análise dos jogos de hoje. Na atual fase, de grupos, são 8 conjuntos de 5 clubes, onde todos se enfrentam em turno e os três melhores passam para a próxima fase.


Rapid Bucureşti

Os Giuleşteni pegaram, na primeira fase preliminar, o Sliema Wanderers. O atual vice-campeão maltês não deu maiores problemas para os ferroviários bucureştinos, que fizeram 6 a 0 no agregado dos jogos (5x0 e 1x0). Tendo confirmado sua superioridade, o Rapid pegou um adversário mais complicado, o FK Sarajevo. Os bósnios conseguiram vencer o primeiro jogo em casa por 1 a 0, entretanto, ao entrarem no Valentin Stănescu, na capital romena, tremeram os gambitos frente a viril torcida de Griviţa (mal comparando, La Boca é uma espécia de Griviţa bonairense). O Rapid venceu o segundo jogo por 2 a 0 sobre os Bordobijeli, fazendo 2 a 1 no agregado.

Finalmente na Copa da UEFA propriamente dita, o Rapid pegou, na primeira fase, o português Nacional da Madeira. Os alvinegros de Funchal perderam os dois jogos, ainda que tenham levado o segundo para a prorrogação. No agregado, para os romenos, 3 a 1 (1x0, 2x1). Na segunda fase, o clube da águia bordô entrou no grupo G, com o francês Paris St-Germain, o grego Panathinaikos, o tcheco Mladá Boleslav e o israelense Hapoel Tel Aviv. Na primeira rodada, do dia 19 de outubro, ficou num insosso zero-a contra os gauleses, em casa.

Hoje, o Rapid foi até Tel Aviv enfrentar o Hapoel (logo à dir.) no Bloomfield. Depois de sair perdendo, conseguiu um empate, que, em todo o caso, não era o resultado ideal. Os torcedores do Hapoel, conhecidos como diabos vermelhos, pela cor do clube e por suas inclinações esquerdistas (são ligados ao Histadrut, maior sindicato de Israel), não se intimidaram frente ao Rapid, um expoente do futebol comunista, e empurraram seu time, que pressionou os Romenos desde o início. Logo aos 10’, Salim Toema cruza pela esquerda, como é de seu condicionamento político, deixando Elyaniv Barda frente a frente com o portar Danut Coman, que não teve a menor chance: bola na rede, Hapoel 1 a 0.

O antrenor Razvan Lucescu passa a berrar insandecidamente na beira do campo, acordando os feroviari. Viorel Moldovan e Lazar tentam o empate, mas param no portal israeli Elimelech. A reação, entretanto, deu resultado logo aos 14’, com Ianis Zicu ( que não é o galinho, felizmente) recebendo, obviamente da esquerda, de Ionut Rada e jogando um balde de água fria nos comunas hebraicos: 1 a 1, no placar. O jogo a partir de então fica um tanto quanto modorrento, sem a ansiedade inicial. Aos 33’ Barukh Dego acerta um forte chute no trave direita, e, na sobra, Walid Badir manda no canto superior esquerdo, provando que este conflito está indiscutivelmente desequilibrado para apenas um lado do espectro político, com o sindicalismo do oriente médio prevalecendo.

De qualquer maneira, o Rapid, proveniente do leste europeu, é um time calejado, acostumado às disputas do socialismo internacional. Não se esqueçam que a România foi um país de política externa independente, que não seguiu nem a Rússia nem a China, quando estes romperam. Já o Hapoel vem de um país tradicionalmente conservador, e, desta maneira, o Rapid volta para o segundo tempo disposto a mudar o placar. E isso acontece logo aos 8’ do 2º tempo, com Viorel Moldovan lançando a pelota para Mugurel Buga (ao lado, de branco), plantado no lado esquerdo da pequena área judaica, que empata novamente.

O restante do jogo é de muita pressão bucurestina, e de uma retranca de guerrilha por parte do Hapoel. A entrada de Nicolae Grigore e do australiano Ryan Griffits no Rapid deram muito trabalho para Elimelech, que perdeu a conta das bolas defendidas, dos sustos que levou com explosões no travessão e que saiu de campo com um quadro de pré-infarto: foi sem dúvida, o nome do jogo. Para superar o resultado de 2 a 2 e ter vencido a contenda, faltou ao Rapid maior agressividade romena, foram, afinal, apenas dois cartonasi galbene para o clube da Griviţa. O Rapid está em segundo no grupo G, com 2 pontos, longe do líder Panathinaikos e alcançavel pelos demais, ou seja, está na hora de fazer mais do que não perder.


Dinamo Bucureşti
O atual líder do Romenão pegou o campeão maltês na primeira preliminar, o Hibernians FC. O clube da cidade de Paola, conhecido como pavões, devido ao animal estampado em seu escudo, literalmente hibernou em campo, levando 4 a 0 e 5 a 1, sendo o agregado no semitreino de 9 a 1 para a máquina dinâmica. Na segunda preliminar, os Câinii Roşii suaram um pouco contra os israelenses do Beitar Jerusalém, clube ligado ao zionismo. Depois de ganhar em Bucureşti por 1 a 0, o Dinamo teria que enfrentar o Beitar em Israel, no Estádio Teddy, que, apesar do nome oficial homo-afetivo, é conhecido por ser um caldeirão, apelidado apropriadamente de Gehinom (Inferno). Na batalha campal apocalíptica, o cães vermelhos não se intimidaram com o cheiro de enxofre e arrancaram um empate em 1 iguais. O agregado de 2 a 1 permitiu que o Dinamo entrasse na competição para valer.

Na primeira fase, os gregos do Skoda Xanthi prometeram dar trabalho. Muito sangue foi derramado para garantir a vitória dos latinos sobre os helênicos em Xanthi, por 4 a 3, um jogo decidido nos últimos minutos pelo craque Ionel Dănciulescu, capitão do Dinamo. A segunda vitória sobre a Rainha da Trácia, já na capital romena, entretanto, veio surpreendentemente fácil, 4 a 1 sem suar, enlouquecendo a juventude aficcionada da Nuova Guardia. Com o migué grego e 8 a 4 no agregado, o clube bucureştino foi alçado ao grupo B, ao lado dos ingleses do Tottenham Hotspur, dos germanos do Bayer Leverkusen, dos belgas do Club Brugge e dos turcos do Beşiktaş. Sem ter jogado na primeira rodada, duas semana atrás, o Dinamo estreiou hoje, em casa, contra o Beşiktaş Jimnastik Kulübü (à dir.), de Istambul, num jogo que reacendeu as tensões da idade média, quando a România cristã impediu, a custa de muito sangue, a entrada dos turcos otomanos na Europa. E tudo isso pôde ser visto por meros 20 euros.

Os Kara Kartallar, ou águias negras, iniciaram o jogo com fome de bola, mas nada que assustasse os Câinii Roşii, que não só souberam controlar o jogo como aproveitaram os contra-ataques para meter pavor no pobre goleiro Vedran Runje. Numa dessas foi que o placar foi aberto, por Adrian Cristea, aos 21’, um a zero para o Dinamo. Aos 44’, o antrenor Mircea Rednic tira o improdutivo Serban e coloca Zé Kalanga (ao lado) em campo, para delírio da torcida. No pouco tempo antes do intervalo, Kalanga fez absolutamente nada, mas em menos de 2 minutos depois do recomeço do jogo aplicou uma bela falta em İbrahim Toraman, que fica no chão, se contorcendo de dor. O juiz esloveno Darko Ceferin, no melhor estilo lesteuropeu, diz que não foi nada e manda o jogo seguir.

É aí que a seção tupiniquim do Beşiktaş começa a se prevalecer, com Ricardinho, em especial, aquele mesmo que fez parte do papelão de Pindorama na Alemanha. Além dele, jogam no clube turco Kléberson, Deivson e Márcio Nobre, este último se converteu ao Islã e hoje se chama Mert Nobre. Foi Deivson da Silva, o Bobo, quem empatou o jogo, aos 13’ do 2º, após uma série de ataques desordenados e desesperados, típicos de quem Mó Num Pá Tropi. Depois do golo, uma morosidade sem fim predomina, até que Claudiu Niculescu e o turco Gökhan Zan se desentendem e trocam alguns pontapés e petelecos, levando ambos um puxão de orelha do juiz Ceferin e cartonasi galbene, isso aos 31’. A partir daí, a torcida se inflama, pedindo o empalamento dos turcos no melhor estilo Transilvânico. Niculescu começa, então, a provocar Zan, dando-lhe tostões e insultando sua mãe, sua irmã, seu califa, seu cachorro, sua cabra e seu camelo. Zan descontrola-se, e o estilo tupinambá de jogo é substituído por puro fotbal româniei.

Aos 40’ Niculescu consegue ser derrubado violentamente por Gökhan Zan dentro da pequena área (ao lado). O fundas romeno Cosmin Moţi atravessa o campo correndo para colocar pressão em Ceferin, e o que se segue é uma série de incidentes diplomáticos e empurra-empurra generalizado, findando com Moţi e Zan expulsos, paralisação de alguns minutos de jogo e o pênalti convertido por Niculescu: Dinamo 2 a 1. Mesmo com toda sua experiência nas batalhas campais da Eslovênia, Darko Ceferin perde o controle do jogo, o Beşiktaş passa a jogar virilmente, sem a moleza brasileira, e o Dinamo responde com mais truculência ainda. Depois de uma série de desentendimentos e faltas, o romeno Margaritescu, que não é flor que se cheire, mete os dois pés na paleta de Ali Tandoğan. Já haviam passado 4 minutos do fim do jogo, e Ceferin, sem alternativa, dá um cartonasi roşi para Margaritescu, um galbene para Ali, por ter facilitado a falta, e, acuado, encerra o jogo. A Nuova Guardia, comemorando a vitória tipicamente balcânica, ataca a Embaixada da Turquia só por diversão. A vitória do Dinamo deixa o clube em segundo (3 p.) no grupo B, atrás do Tottenham (6 p.), mas com um jogo a menos.

Un comentariu:

Natusch spunea...

E digo mais: Dinamo Bucuresti candidataço ao título. Vai dar um baita suadouro nos capitalistinhas, anotem o que eu digo.